Discreta no início do governo Obama, Michelle virou figura popular e ativa

Primeira-dama foi criticada no início do mandato, tachada de ‘fria e distante’.
Longe de polêmicas, ela ganhou simpatia com luta contra obesidade infantil.

 

Ser mais popular que o marido, presidente dos Estados Unidos, não é uma tarefa fácil. Essa foi, no entanto, uma das conquistas de Michelle Obama, de 48 anos, ao longo do primeiro mandato de Barack Obama à frente da Casa Branca. Mãe de duas filhas adolescentes, Malia e Sasha, a advogada de origem humilde deixou de lado o papel discreto de primeira-dama nos primeiros meses de governo e se transformou em uma figura política querida e fundamental da gestão democrata.

Descrita, inicialmente, como fria e distante, Michelle manteve-se afastada de aparições públicas no início do mandato de Obama e declarou-se, antes de tudo, mãe. Longe de polêmicas, a primeira-dama concentrou esforços em causas populares, como a luta contra obesidade infantil – campanha “Let’s Move!” (“Vamos nos Mexer!”) – e a ajuda às famílias de militares, ganhando, pouco a pouco, o carinho dos americanos.

Michelle nasceu em 17 de janeiro de 1964, em um apartamento de um quarto em South Side, bairro pobre de Chicago. Seus pais sempre a estimularam a se superar e a conquistar a educação que eles não puderam ter. Aluna brilhante, ela ganhou bolsa em uma escola especial de Chicago, e depois se formou em Sociologia, em Princeton, e Direito, em Harvard.

Quando deixou Harvard, ela começou a trabalhar em um famoso escritório de advogados de Chicago, onde alguns anos depois conheceu Barack, um tipo “realmente diferente que, além de ser simpático e bonito, mostra um compromisso e uma seriedade que não se encontra frequentemente”, confessou ter pensado depois que ele a convidou para um evento comunitário.

O primeiro beijo entre os dois aconteceu do lado de fora de uma sorveteria de Chicago, em 1989. Em agosto deste ano, o local ganhou uma placa comemorativa em que diz: “Neste local, o presidente Barack Obama beijou pela primeira vez Michelle Obama”. Os dois se casaram em 1992 – o casal completou 20 anos de casamento no dia 3 de novembro.
Em 1996, Michelle deixou o setor privado e começou a trabalhar na Universidade de Chicago, onde desenvolveu um programa social. Dois anos depois, nasceu a primeira filha do casal, Malia. A segunda, Sasha, nasceu em 2001.
Ela só aceitou que seu marido concorresse pela nomeação à candidatura presidencial democrata em 2007, após cogitar minuciosamente os efeitos da campanha em sua família.

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Barack e Michelle Obama com as filhas Sasha (à esq.) e Malia, esperando os resultados da campanha ao Senado por Illinois, em 2004 (Foto: The New York Times)

Críticas
Durante a campanha de 2008, Michelle foi duramente criticada. Comentaristas conservadores falaram que ela parecia uma “mulher facilmente irritável”, além de passar uma imagem de distante e fria.

Ela foi atacada também em 2008 pelos comentários que fez em um evento, no qual disse que, pela primeira vez, se sentia “orgulhosa” de seu país, ao ver seu marido, o primeiro afro-americano que chegou à Presidência dos Estados Unidos, como candidato. Os republicanos usaram tal fato para acusá-la de antipatriotismo.

“A primeira-dama é uma pessoa que nunca pediu para estar na cena pública e que nunca quis fazer parte dela, mas agora se sente mais confortável para isso”, afirmou em entrevista recente, David Axelrod, assessor de campanha de Obama.

Com o tempo, Michelle conquistou a opinião pública mantendo-se à margem de assuntos polêmicos, concentrada em outras causas. Pesquisas indicam que ela tem popularidade maior que o marido. Segundo o instituto Gallup, Michelle Obama mantém uma popularidade média dos 66% desde 2010, acima dos 47% de Barack Obama e Mitt Romney.
Espontânea e carinhosa com crianças e adolescentes, percorreu o país divulgando a luta contra a obesidade, visitou escolas, e não hesitou em dançar para dar exemplo, ou se ajoelhar e cavar na horta da Casa Branca com as crianças que visitam a residência oficial, a fim de promover a alimentação saudável.

A popularidade de Michelle vai tão longe que até os seus biscoitos com raspas de chocolate tiveram mais votos que os de M&Ms e manteiga de amendoim de Ann Romney, em um tradicional concurso entre as esposas dos candidatos.

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Primeira-dama Michelle dança ao lado de crianças durante uma visita à Flórida (Foto: Phil Sandlin/AP)

Causas
Toda primeira-dama elogiada nos Estados Unidos defendeu uma causa social. Dessa forma, Michelle tentou construir um pacto nacional para melhorar a alimentação infantil e criar iniciativas para mudar a situação enfrentada pelos soldados ao voltar do Afeganistão e do Iraque.

Além disso, a primeira-dama publicou no final de maio um livro sobre seu projeto de horta ecológica na Casa Branca, com conselhos para manter uma vida saudável e receitas. Na mesma semana, ela assinou exemplares em uma livraria de Washington.

Michelle sempre apareceu como um complemento a Obama, mostrando seu lado humano, de pai de família e marido dedicado. Como boa advogada, ela faz discursos apaixonados. Na convenção democrata deste ano, seu discurso só não foi mais aplaudido que o do ex-presidente Bill Clinton.

Ninguém defendeu como ela os valores de Obama na convenção. A primeira-dama não falou apenas de suas propostas políticas: mostrou uma faceta mais humana de um presidente que, em suas palavras, defende valores como a honestidade, a integridade, a dignidade, a gratidão e a humildade. “Barack continua sendo o mesmo homem por quem me apaixonei”, disse Michelle.

Além dos comícios em que participa ao redor de todo o país, a primeira-dama também tomou parte em uma nova iniciativa democrata (“It Takes One”), na qual pediu aos eleitores de Obama que recrutem um amigo, parente ou vizinho na campanha de reeleição.

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Polêmica
Outra crítica bastante recebida por Michelle foi seu possível envolvimento em questões políticas dentro da Casa Branca. O livro “The Obamas”, da jornalista do “New York Times” Jodi Kantor, reforçou a questão, denunciando atritos entre Michelle Obama e ex-integrantes da equipe de seu marido presidente.

A crise explodiu, segundo o livro, no começo de 2010. Michelle Obama achava que os compromissos concluídos pela administração de seu marido para conseguir fazer aprovar a reforma do seguro-saúde no Congresso iam levar os eleitores a “considerá-lo um político comum”, em troca das ambições que tinha para ele.

Em entrevista ao canal CBS, Michelle disse que sabe que o presidente precisa da melhor assessoria possível em assuntos complexos por parte de auxiliares que conhecem os temas.

“Mas isto não quer dizer que não temos discussões e conversas”, afirmou. “Isto não quer dizer que meu marido não sabe como me sinto. Quero dizer, uma coisa é correta, falo muito francamente com meu marido sobre como me sinto”, completou. “Se não concordasse com algo, falaria com meu próprio marido a respeito”, explicou a primeira-dama.

 

 

Fonte: G1 

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