Por: Fernanda Pompeu
A técnica tem função central em toda atividade humana. O cirurgião que intervém no nosso corpo, o gari que varre nossa rua, a educadora que expande nossa visão, a bailarina que provoca nosso encantamento sabem que a técnica agiliza o processo e qualifica o resultado.
Ganhar experiência também é fundamento. Depois de muitos erros-acertos, aprendemos o que não devemos fazer. Farejamos o que pode dar errado. É um conforto perceber que determinada trilha morrerá num beco sem saída, enquanto outra nos levará ao mar navegável.
O comprometimento é bem-vindo. Ele nos faz entender que a pontualidade é um valor, que a ética não é opcional, que a responsabilidade é passaporte para uma compreensão adulta do nosso papel na casa, no trabalho, na sociedade.
Mas técnica, experiência e comprometimento se tornam muito melhores se, junto a eles, deixarmos aflorar a emoção. O sentimento das coisas. Um poeta, cujo nome não recordo, escreveu: “Você pode pensar errado. Mas ninguém sente errado.”
Pois a emoção mobiliza o que há de mais verdadeiro em cada um de nós. Por exemplo, sentir empatia nos mobiliza a desenhar cenários generosos e a realizar ações de inclusão. Já o sentimento de antipatia fecha possibilidades e nos aproxima da terra do não.
Tem escola para quase tudo nesta vida. Especializações a escolher. Mas não seria possível um curso de sentimentos, muito menos uma especialização em emoções. Pois sentir e se emocionar saem de dentro para fora.
No entanto se sentimento não se aprende, é possível cultivar a sensibilidade. Isso pode começar pelo aprendizado do respeito. Respeitar a natureza e os seres que a habitam – gente e bichos – é sensibilidade que podemos aprender e, por consequência, ensinar.
Os artistas – profissionais do sensível – são quase unânimes ao minimizar a técnica e maximizar a emoção. Sendo a técnica o modo de fazer. A emoção, o modo de ver. Esta última é carro-chefe não só das artes, mas de tudo que fazemos com amor. É pôr o sal no arroz e no feijão.
Fonte: Yahoo