‘O 25 de abril começou em África’

Historiador José Augusto Pereira destaca o peso das guerras anticoloniais na derrubada da ditadura

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as raízes africanas do movimento que culminou na queda da ditadura em Portugal.

O 25 de abril de 1974 não se deu por geração espontânea ou de forma suave e pacífica. Foi fruto de um contexto interno de lutas estudantis e sindicais, e externo de transformações mundiais, em especial as guerras coloniais na África.

Ex-capitães de Abril, como o major general Pezarat Correia e os coronéis Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes (todos reformados), e pesquisadores entrevistados em programa especial da RTP África sobre os 50 anos da derrubada do salazarismo compartilham da opinião.

No livro “O 25 de abril começou em África”, obra coletiva lançada em 2020, o historiador José Augusto Pereira destaca o peso das guerras anticoloniais na derrubada da ditadura.

Sete meses antes da Revolução dos Cravos, em 25 de setembro de 1973, a Guiné-Bissau havia autoproclamado independência, confirmando a resolução da ONU que reconheceu o direito à autodeterminação dos povos e pondo em xeque as bases do colonialismo lusitano.

Portugal enfrentava três guerras de libertação em colônias na África. Em 1975, todas tornaram-se independentes. Moçambique foi a primeira, em 25 de junho, com a atuação do movimento nacionalista armado Frente de Libertação de Moçambique. Em 5 e 12 de julho, respectivamente, foi a vez dos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.

Angola, a mais rica das antigas colônias, tornou-se independente em 11 de novembro por conta da luta armada de libertação nacional. O confronto opôs forças pró-independência (UPA/FNLA, MPLA e Unita, que depois travaram entre si uma luta sangrenta com desdobramento até hoje) às Forças Armadas portuguesas.

Passados 50 anos da Revolução de Abril, falta reconhecimento mundial do papel dos povos africanos no florescer dos cravos que marcaram a retomada da democracia em Portugal.

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