Dissidentes cubanos libertados embarcam para a Espanha

Sete presos políticos partiram de Havana com suas famílias; acordo prevê libertação de outros 45.

 

 

Um grupo de sete dissidentes cubanos deixou Cuba na segunda-feira à noite com destino à Espanha, onde chegam nesta terça-feira para uma nova vida no exílio.

 

Os prisioneiros políticos foram levados ao aeroporto de Havana, onde se reuniram com membros de suas famílias que seguiram para o exílio com eles.

 

Estes foram os primeiros dos 52 prisioneiros que devem ser libertados segundo um acordo fechado na semana passada entre o governo cubano, a Igreja Católica de Cuba e diplomatas espanhóis.

 

As autoridades cubanas prometeram libertar 52 dissidentes, mas não se sabe ainda quantos irão para a Espanha.

 

Segundo as autoridades, eles não são obrigados a ficar no país europeu e estarão livres para ir para onde quiserem. Tanto o Chile como os Estados Unidos já ofereceram asilo.

 

Elizardo Sanchez, chefe da ONG Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, disse que pelo menos três prisioneiros disseram à Igreja que queriam permanecer em Cuba.

 

Partida

Segundo a agência de notícias Reuters, os prisioneiros libertados foram mantidos longe dos repórteres no aeroporto de Havana.

 

Um deles, Omar Ruiz, disse por telefone à agência de notícias AP: “Não vou me considerar livre até chegar à Espanha”.

 

Os parentes dos prisioneiros foram avisados pelas autoridades de que deveriam se preparar para viajar poucas horas antes da partida.

 

“No domingo, eles fizeram exames médicos, preencheram os formulários para a emissão de passaporte e nos disseram para estar prontos a partir de hoje”, disse à AP Irene Vieira, mulher do prisioneiro Julio César Gálvez.

 

“Estou muito nervosa com tudo isso”, disse ela. “Poderei finalmente vê-lo fora da prisão pela primeira vez em vários anos.”

 

Os sete prisioneiros viajam em dois voos separados, um da empresa Air Europa, que deve chegar a Madri às 13h00 (08h00 em Brasília), e outro da Ibéria, que deve chegar uma hora depois.

 

A mulher do jornalista Ricardo González disse à BBC que uma das primeiras coisas que eles querem fazer ao chegar é uma longa caminhada juntos.

 

Mais cedo, o ministro do Exterior espanhol, Miguel Angel Moratinos, afirmou que até 11 prisioneiros e 65 membros de suas famílias poderiam chegar a Madri na terça-feira.

 

A libertação dos dissidentes anunciada na semana passada poderá ser a maior desta década na ilha comunista.

 

O acordo prevê que 52 prisioneiros políticos sejam libertados nos próximos meses.

 

Todos faziam parte de um grupo de 75 dissidentes detidos em 2003 e condenados à prisão com penas variando entre seis a 28 anos. Os outros 23 prisioneiros já foram libertados.

 

Depois que o acordo foi anunciado, na semana passada, o dissidente Guillermo Fariñas, que estava à beira da morte, encerrou a greve de fome que mantinha havia 130 dias.

 

No domingo, um grupo de mães e mulheres dos prisioneiros políticos – conhecido como Damas de Branco – realizaram sua marcha semanal por Havana pedindo a libertação de todos os prisioneiros políticos.

 

O grupo afirmou que suas marchas vão continuar. “Enquanto houver um prisioneiro político ou prisioneiro de consciência (em Cuba), haverá Damas de Branco”, disse uma das integrantes do grupo, Laura Pollan.

 

Segundo a Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, havia 167 prisioneiros de consciência em Cuba antes da libertação deste grupo.

 

O governo cubano nega que haja prisioneiros políticos, descrevendo-os como criminosos financiados pelos Estados Unidos para desestabilizar o país.

 

Horas antes dos dissidentes partirem, o ex-presidente Fidel Castro, de 83 anos, apareceu na TV estatal pela primeira vez em 11 meses.

 

Em uma entrevista de uma hora e meia, Fidel falou sobre assuntos internacionais como Coreia do Norte e Irã, e voltou a atacar os Estados Unidos. Ele não fez qualquer menção aos prisioneiros. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

 

Fonte: Estadão

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