DPU apura denúncia de racismo em agência da Caixa Econômica em Lauro de Freitas

Em denúncia, cliente diz que foi impedido de entrar no banco que fica no bairro de Itinga, e que recebeu ofensas verbais.

No G1

Foto: Reprodução/Google Street View

A Defensoria Pública da União (DPU) em Salvador apura uma denúncia de racismo na agência da Caixa Econômica Federal do bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador.

De acordo com a DPU, a vítima, de 39 anos, relatou que no dia 9 de dezembro de 2019 foi impedida de entrar na agência do bairro, recebeu ofensas verbais e saiu da agência sem conseguir fazer operações bancárias.

A defensoria informou que já enviou um ofício do caso para a Caixa, na última quinta-feira (16), solicitando as imagens da agência para apurar o caso. Na denúncia, o cliente informou que atendeu, mais de uma vez, todos os pedidos feitos pelos seguranças como abrir a mochila e mostrar os itens que carregava. Ainda assim, a entrada dele pela porta giratória da agência foi impedida diversas vezes.

O homem salientou ter sido chamado de “macaco” e ofendido pelos seguranças com expressões como “isso é coisa de negro”. Após deixar a agência sem conseguir fazer os serviços bancários que desejava, sob a justificativa de que não havia senha, o homem registrou boletim de ocorrência na companhia de uma testemunha da situação. Ele também compareceu ao Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela (CRNM), onde também registrou o caso.

Por meio de nota, a Caixa informou que repudia práticas e atitudes de discriminação cometidas contra qualquer pessoa. Sobre o ocorrido na agência Itinga, em Lauro de Freitas, informou que o banco está apurando junto a empresa terceirizada e tomará as medidas necessárias para esclarecer o caso.

Ressaltou ainda que as relações da Caixa com os clientes e usuários são orientadas pela ética, com respeito aos direitos humanos universais.

Ainda sobre o caso, uma pessoa que estava na agência e testemunhou a ação afirmou à polícia que estava no local com a esposa e percebeu o tumulto entre os seguranças e o homem na porta giratória. O homem diz ter observado o comportamento dos seguranças e salientou que as atitudes são frequentes naquela unidade da Caixa, por isso, logo se ofereceu como possível testemunha caso o denunciante levasse o caso à frente, mesmo sem conhecê-lo até então.

Outro caso

Em fevereiro de 2019, um cliente denunciou o gerente de uma agência da Caixa, em Salvador, por racismo. A situação começou depois que a vítima procurou pelo gerente, João Paulo Vieira Barreto, para cobrar atendimento após 6h de espera.

Na ocasião, segundo a denúncia, o gerente geral acionou o setor de segurança privada para retirar o cliente do estabelecimento. Depois, a Polícia Militar também compareceu à agência e propôs ao gerente que ele e o cliente se dirigissem até a delegacia da região.

Neste momento, segundo a denúncia, João Paulo teria afirmado que não fazia acordo com “esse tipo de gente”, “supostamente se referindo à raça/cor da vítima”, e logo após teria afirmado que somente iria à delegacia, se Crispim Terral saísse algemado da agência.

Ainda conforme a denúncia, após receber um “mata-leão”, a vítima foi retirada da agência pelos policiais militares, e o suspeito foi embora sem se dirigir à delegacia.

O Ministério Publico da Bahia (MP-BA) denunciou à Justiça, por abuso de autoridade e constrangimento ilegal, quatro policiais envolvidos na ação. Além disso, o gerente da agência, que teria acionado os policiais para conter o cliente, foi denunciado pelo MP-BA pelo crime de discriminação racial.

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