por Marcos Sacramento
A Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ vai acionar o Ministério Público para retirar do Facebook algumas páginas com conteúdo racista. A informação foi passada ao jornal O Dia pelo presidente da comissão, Marcelo Dias, depois de tomar conhecimento de uma série de páginas com o nome “O Racismo começa quando”.
Páginas nazistas
São páginas de memes e piadas aviltantes contra negros e índios. Algumas têm poucas centenas de curtidores, mas outras acumulam dezenas de milhares, mostrando que muitos concordam com os conceitos preconceituosos mostrados nas páginas.
Uma pesquisa rápida no Facebook revela como o racismo é forte na rede social, apesar da maioria das páginas evitarem declarações explícitas de que são contra negros ou outros grupos étnicos.
A página “Orgulho de Ser Branco” se esconde sob a justificativa de divulgar características e qualidades da “raça branca”. Mas basta um olhar atento nos posts e comentários para constatar a ideologia racista disfarçada de revisionismo histórico e com doses pesadas de pseudociência. Navegar pela página é como voltar aos tempos em que as ideias do médico Nina Rodrigues sobre a inferioridade dos não brancos eram levadas a sério.
Como racismo e conservadorismo político andam de mãos dadas, não faltam neste bestiário ideológico menções a páginas intituladas direitistas, anticomunistas, contra o feminismo e reacionárias.
Em comum, além do português sofrível, estão referências ao risco iminente do Brasil se tornar uma ditadura comunista, críticas ao aborto e à regulamentação da maconha, links de artigos da Veja, loas para Rachel Sheherazade e o desejo unânime de ter Jair Bolsonaro na presidência da república.
Embora essas fanpages evitem citações diretas de apoio ao nacional socialismo, flagrei a possível declaração de uma delas admitindo ser nazista. Os post exaltava um soldado que havia ido para guerra defender seu país. Um internauta observou que a foto era de um soldado alemão na 2º Guerra Mundial e questionou a ideologia da página.
A fanpage Conservadorismo & Direita Política foi enfática na resposta, em caixa alta e mal português: “Nó somos nazistas cara”. Erro de digitação? Quem sabe … O post sumiu dias depois da primeira vez em que o vi.
Mas o conteúdo desta e das outras páginas semelhantes dariam credenciais suficientes para seus donos e seguidores tomarem uma cervejinha com o führer no Ninho da Águia.
Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista.
Fonte: Diário do Centro do Mundo