‘Ele debochava e agia como se isso fosse natural’, diz mulher que denunciou racismo ao se candidatar a vaga de emprego

Beatriz Souza se candidatou a vaga em bazar no Méier. Dono do estabelecimento não fala português, mas escreveu no tradutor do telefone que a pele dela era 'abaixo do padrão’. Ele foi preso e levado para a 19ª DP (Tijuca).

Beatriz Souza, de 27 anos, que denunciou um caso de racismo quando procurava emprego em um bazar na Rua Dias da Cruz, no Méier, na Zona Norte do Rio, disse que foi ficou abalada com a situação.

O homem, que não fala português, acabou sendo preso. Ele escreveu no tradutor do celular que o tom de pele de Beatriz era “abaixo do padrão”.

“Ele agiu naturalmente, como se isso fosse natural. Ele ria o tempo inteiro, debochava da nossa cara.”

Beatriz estava com a comadre e a mãe dela, que tem um tom de pele mais claro, e por isso chegou a duvidar se o homem estava se referindo a ela.

Beatriz Souza denunciou caso de racismo ao se candidatar a vaga de emprego — Foto: Reprodução/TV Globo

“Apontou pra mim e falou que se [a vaga] fosse para as duas sim, mas pra mim não. Aí eu perguntei: ‘é isso mesmo que eu tô vendo?”, contou.

Foi quando elas começaram a indagar por qual motivo Beatriz não poderia ser contratada. O homem, segundo ela, respondeu:

“‘Pra você não’. Eu perguntei: ‘é por causa do tom da minha pele?’ E ele falou: ‘você não’. Confirmou”, explicou Beatriz.

As três, então, chamaram os policiais do Méier Presente.

“Aí ele botou no tradutor para o policial que realmente o meu tom de pele não fazia padrão pra ser recrutada na loja dele se caso eu quisesse trabalhar lá.”

O caso

Beatriz viu um anúncio de emprego na porta do bazar e resolveu se candidatar, mas o dono do estabelecimento, Jiyong Yu, de 37 anos, informou que não tinha emprego e apontou o dedo indicador para o braço dela, em alusão a cor de sua pele.

Ele falou para Beatriz que não falava português e escreveu uma frase no tradutor do telefone. No texto, ele dizia: “A mulher tinha uma pele abaixo do padrão, então ela não foi recrutada para o trabalho”.

A vítima tirou uma foto e procurou policiais do Segurança Presente. O homem foi preso e levado para a 19ª DP (Tijuca). Ele será transferido para um presídio onde vai aguardar audiência de custódia.

Beatriz diz que ficou aliviada com a prisão do suspeito.

“Espero que ele seja punido pelo que ele fez. A sensação foi de alívio por ter pessoas do meu lado que puderam me ajudar no momento. Agora eu vou tentar levantar minha cabeça, mesmo muito abalada.”

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