Elza Soares vai surpreender em biografia: “Resolvi me desnudar”

Aos 80 anos, Elza Soares interpreta uma suposta aposentadoria como sendo uma ofensa. Só este ano, ela lançou dois clipes, fez shows elogiados, parcerias surpreendentes e prepara uma autobiografia. Elza ainda promete um novo CD para 2018.

Filha de um operário com uma lavadeira, ela surpreendeu com o vozeirão em sua estreia fonográfica, Se Acaso Você Chegasse, de 1960.

A partir daí, entre altos e baixos, Elza nunca mais deixou de brilhar.

Os gringos também se derretem pela rainha do sambalanço. A Rádio BBC de Londres chegou a declarar que ela era a cantora brasileira do milênio. Em 2015, Elza lançou A Mulher do Fim do Mundo e o Pitchfork, um dos sites de música mais importantes do mundo, o elegeu com sendo o melhor novo álbum daquele ano.

E a cantora continua fazendo sucesso por onde passa, sendo saudada por todas as gerações e gêneros musicais. Recentemente, ela fez uma parceria com Pitty e realizou um elogiado show do rapper Rael no Rock in Rio.

— Estou na moda… (risos) A demanda de trabalhos é grande, graças a Deus!

Apesar de estar se recuperando de uma recente operação na coluna, Elza não se intimida pelas dificuldades de locomoção. Sentada em uma cadeira, a diva solta o vozeirão de guerreira nas apresentações ao vivo.

“Eu farei o que puder para transformar o mundo usando a minha arte”

Elza Soares

Foto: Marcos Hemer

Além dos palcos, Elza também irá surprender os fãs em capítulos emocionantes de uma autobiografia, com previsão de lançamento para o fim deste ano. Entre os destaques, estão a infância pobre, a perda dos quatro filhos e o casamento com o ídolo do futebol Garrincha.

— Pensei em contar coisas da minha vida até então não reveladas.

Para saber mais sobre as novidades e o que pensa “a mulher do fim do mundo”, o R7 conversou com exclusividade com Elza Soares.

R7 — O jornalista Zeca Camargo está escrevendo sua autobiografia. Como está sendo o processo de relembrar sua carreira?

Elza Soares — O Zeca é maravilhoso! Ele é inteligente, sensível e corajoso. Vocês vão se surpreender com o Zeca… tem dias em que nos encontramos para trabalhar e é tão prazeroso a forma em que ele conduz a conversa. Eu fico quatro horas conversando e nem sinto o tempo passar…

“Sou contra qualquer manifestação de preconceito”

Elza Soares

R7 — O livro terá capítulos que surpreenderão os fãs?
Elza Soares —
 Pensei em contar coisas da minha vida até então não reveladas, coisas que eram segredos meus… Resolvi me desnudar, pois chega um momento em nossa vida em que amadurecemos tanto que esses segredos, hoje, talvez, ninguém queira nem saber. Agora, tenho um entendimento da vida e pretendo me revelar por completa.

 

R7 — Quando você é entrevistada para o livro, surgem momentos de tristeza ao relembrar fatos ruins? Ou isso te ajuda a espantar os “fantasmas” do passado?
Elza Soares — 
Depende… existem feridas que nunca cicatrizam, são marcas de lembranças. Porém, tem situações que hoje em dia eu até dou risada. Não sou nostálgica, prefiro o presente!

R7 — Você sempre falou abertamente sobre problemas particulares. Hoje em dia, muitas mulheres têm usado as redes sociais para denunciar o assédios e outros tipos de violência que elas sofrem. O que você acha disso?
Elza Soares — 
É muito triste como a mulher ainda sofre preconceito! Fico indignada! Temos que usar todos os espaços possíveis para denunciar a violência. Enquanto eu puder, vou lutar pela mulher, gays e negros. Essa é a minha maneira de tornar o mundo melhor! Eu não faço parte de nenhum grupo, mas enquanto tiver alguém para me ouvir, lutarei!

“Existem feridas que nunca cicatrizam”

Elza Soares

R7 – Falando em preconceito, existiu um projeto de lei pedindo a criminalização do funk. Isso repete a história que já aconteceu com o samba, a capoeira e o rap. O que você acha disso?
Elza Soares — 
Por que criminalizar o funk? O ritmo é um movimento musical. Se você não gosta, não ouça! Sou contra qualquer manifestação de preconceito.

R7 — Este ano, você lançou um clipe belíssimo para a música A Mulher do Fim do Mundo. O que você achou do resultado?
Elza Soares — 
Quando inicio um trabalho, não tenho a menor ideia do que vai acontecer, sigo minha intuição e vou em frente… A Paula Gaitán, diretora do clipe, foi muito competente junto com toda essa equipe maravilhosa. Tivemos um resultado impressionante. Recentemente, gravei com a Pitty o clipe da música que gravamos juntas, Na Pele, e também tivemos um resultado fantástico. Estou muito feliz!

R7 — E como aconteceram os duetos com Pitty e, mais recentemente, com o Rael no Rock in Rio?
Elza Soares — 
A Pitty me mandou a letra de Na Pele e, quando li aquilo, me identifiquei imediatamente… era muito eu, a minha história. Ela me disse que era para eu fazer o que quisesse com a música, então não titubeei e logo a convidei para gravarmos juntas. O resultado foi lindo! Adorei. Já o Rael foi um convite que surgiu para participar do show dele no Rock In Rio. Como eu já o conhecia, fiquei feliz e topei na hora.

R7 — Seu trabalho traz uma provocação, uma polêmica. Todo artista deve passar alguma mensagem ou o puro entretenimento também é válido?
Elza Soares — 
Eu compreendo que o artista tem que questionar seu tempo. Eu posso usar o espaço que tenho e quero reivindicar por um mundo melhor. Eu farei o que puder para transformar o mundo usando a minha arte. Penso assim, mas se o meu colega usa a arte como puro entretenimento também não julgo. Cada um faz do jeito que bem entende. Eu só faço aquilo que acredito.

R7 — Você tem 80 anos e continua com uma voz incrível. Como você cuida da voz?
Elza Soares — Não faço nada! Minha voz é igual a mulher de bandido, quanto mais apanha, melhor fica! (risos)

R7 — Você tem feito shows sentada devido a um problema na coluna, certo? Gostaria de saber como está a saúde.
Elza Soares —
 Operei minha coluna recentemente, pois isso é coisa séria. Faço fisioterapia toda semana e tenho me cuidado muito.

R7 — Quais são seus próximos projetos?
Elza Soares — 
Outro dia, eu brinquei que estou na moda… (risos) A demanda de trabalhos é grande, graças a Deus, e hoje em dia eu tenho uma equipe maravilhosa. Estou na estrada com três shows e no início de 2018 vou entrar em estúdio para gravar o novo CD. Estou cheia de novidades para o ano que vem.

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