Em carta, adolescente narra rotina de torturas na Fundação Casa

Um interno da Fundação Casa, da unidade Centro Novo Horizonte, em Guaianazes, zona leste de São Paulo, conseguiu entregar à sua família uma carta, denunciando uma rotina de violência dentro da instituição. O adolescente estaria, de acordo com o documento, sendo alvo de tortura. “Eles pisaram na minha cabeça na minha perna e deram vários socos na minha cabeça e nas minhas costas”, afirma.

Por Igor Carvalho, do NegroBelchior

A violência, que não é novidade dentro da Fundação Casa, é estendida a outros jovens. O jovem que escreveu a carta afirma que outros 14 internos são torturados. Na denúncia, ele coloca o nome de todos, mas ocultaremos nesta reportagem. Os nomes dos agressores também são revelados (ver abaixo).

No texto, o adolescente questiona a instituição em sua função primeira, a recuperação dos internos. “Sou consciente de tudo que fiz mas acho que um tempo na fundação casa serve para mim repensar nas minhas atitudes e reconstruir a minha vida mais num ambiente como esse que nós somos humilhados e agredidos é muito difícil de conviver”, relata.

No final, ele afirma que denunciou as agressões, mas não houve retorno algum.“Já fizemos diversos boletins de ocorrências na delegacia mais não resolveu a única coisa que eu ganhei foi um sorriso de um funcionário falando que não vai acontecer nada com ele e a agressão predominou neste local.”

O blogue entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária durante todo o fim de semana e na manhã desta segunda-feira (20). Porém, foi informado, pela segurança do local, em todas as oportunidades que, por conta do feriado [dia 21] não havia plantão.

No Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo (SITRAEMFA), que responde pela categoria dos funcionários da Fundação Casa, também não havia, durante todo o final de semana e nesta segunda-feira (20), plantonista. Em nenhuma oportunidade, o telefone foi atendido.

Confira na íntegra a carta:

“Ne um começo de tumulto em estava elvolvido. Não coloquei a mão em ningúem após isso os funcionários colocaram a mão em diversos adolescentes, um desses adolescentes foi a minha pessoa eles pisaram na minha cabeça na minha perna e deram vários socos na minha cabeça e nas minhas costas, Isso não aconteceu esse dia já virou rotina nesse centro agressão fisicamente sei que para mim estar aqui não estava seguindo totalmente o meu dirieto de cidadão sou consciente de tudo que fiz mas acho que um tempo na fundação casa serve para mim repensar nas minhas atitudes e reconstruir a minha vida mais ne um ambiente como esse que nós somos humilhados e agredidos é muito dificil de conviver já fizemos diversos boletins de ocorrências na delegacia mais não resolveu a única coisa que eu ganhei foi um sorriso de um funcionário falando que não vai acontecer nada com ele e a agressão predominou neste local.”

Funcionários: 

Seu Rocha

Seu Jorge

Seu Marcio

Seu Nilto

Seu glauber

Seu Ricardo

Seu Paulo rogério

Seu Paulo

carta-frente

 

carta-verso

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