Em visita ao Quênia, Obama incentiva reconciliação política no país

Em sua 1ª visita ao continente desde que deixou o cargo, ex-presidente incentivou a cooperação entre base e oposição após a disputada eleição de 2017

Do Exame 

Obama falou à população em Kogelo, no condado de Siaya, zona rural onde seu pai nasceu (Thomas Mukoya/Reuters)

 O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama elogiou o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, e o líder da oposição no país, Raila Odinga, por trabalharem juntos. No entanto, ressaltou que o país, na África Oriental, ainda precisa fazer mais para acabar com a corrupção. Em sua primeira visita ao continente desde que deixou o cargo, Obama incentivou a cooperação entre base e oposição após a disputada eleição presidencial do ano passado, marcada pela violência.

“Apesar dos tempos tumultuosos que parecem estar presentes em todas as eleições, agora temos um presidente e líder da oposição que prometeram construir pontes e fizeram compromissos específicos para trabalhar juntos”, disse Obama. Ele falou à população em Kogelo, no condado de Siaya, zona rural onde seu pai nasceu, nesta segunda-feira, 19.

“O que temos aqui no Quênia é parte do surgimento de uma África mais confiante, mais autossuficiente. Mas nós sabemos que o progresso real significa lidar com os problemas que permanecem. Significa erradicar a corrupção que enfraquece a vida cívica”, ressaltou.

Outros desafios enfrentados pelo Quênia, disse Obama, são o tribalismo e a necessidade de uma educação melhor. Ele visitou o país como senador, em 2006, e depois como presidente, em 2015 e tem instado fortemente o país a enfrentar a corrupção endêmica e os problemas em torno das divisões entre os grupos étnicos do país.

Em 2006, ele enfureceu o governo do presidente Mwai Kibaki, quando deu uma palestra sobre corrupção na Universidade de Nairóbi. O porta-voz do governo respondeu chamando Obama de “jovem inexperiente que não poderia ensinar o Quênia a administrar seus assuntos”.

Obama foi a Kongelo para lançar um centro de esportes e treinamento fundado por sua meia irmã, Auma Obama, por meio de sua fundação Sauti Kuu. Milhares de quenianos foram a Kongelo, lar ancestral do ex-presidente, para vê-lo, mas muitos não puderam entrar no local por motivos de segurança. “Estamos aqui para receber nosso irmão Barack Obama, mas enfrentamos desafios porque não podemos ver nosso filho”, disse o agricultor Boniface Rachula, que não pode participar do evento. “Queríamos apreciar Barack Obama pelo que ele fez. De fato ele desenvolveu a comunidade ao dar lençóis de ferro para as pessoas construírem suas casas”, disse.

A visita de Obama ao Quênia é discreta, ao contrário de suas viagens anteriores, onde emocionou milhares de quenianos, que fizeram fila nas ruas para vê-lo. Muitos quenianos consideram Obama como um nativo de seu país, um garoto local, e gozam de seu sucesso, apesar de o ex-presidente nunca ter vivido na África. Ele nasceu no Havaí, onde passou a maior parte de sua infância e foi criado pela mãe, uma americana branca do Texas. Obama mal conheceu o pai, um economista, mas levou seu nome.

“É uma alegria estar com tantas pessoas que são família para mim e tantas pessoas que afirmam ser família para mim. Todo mundo é primo”, disse Obama, em tom de brincadeira.

Mais tarde na segunda-feira, ele partiu para a África do Sul, onde fará a palestra anual Nelson Mandela, que em 2018 marca o centésimo aniversário do ícone antiapartheid.

+ sobre o tema

A importancia do Negro

Essa é a história de um garoto chamado Theo que...

Un maire noir de Paris en 1879, effaçé des archives et de l’Hisoire

Severiano de Hérédia, Un maire noir de Paris Un Caribéen noir,...

13 de maio: viva 20 de novembro!

Foto de capa: retrato de Luiz Gama por Raul...

A Bíblia como literatura africana: o discurso religioso no olhar da igualdade racial

Festival Ortodoxo em Lalibela – Divulgação: Holiday to Ethiopia Por...

para lembrar

Vizinhos do Mali preparam plano para o envio do contingente militar africano

  Os chefes militares africanos reuniram-se esta terça-feira em Bamako,...

Quénia – Uhuru, um ‘príncipe’ chamado ‘liberdade’

Uhuru Kenyatta – cujo nome significa liberdade na língua...

FBI inclui uma mulher pela primeira vez na lista de terroristas procurados

Joanne Chesimard foi condenada por assalto e assassinato,...

Alemanha é o novo “El Dorado” dos espanhóis e portugueses

  São cada vez mais os espanhóis que procuram emprego...
spot_imgspot_img

Barack Obama elege seus filmes favoritos de 2023; veja lista

Tradicionalmente, o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, escolhe seus filmes, músicas e livros favoritos do ano. Nesta quarta-feira (27), Obama compartilhou em suas...

Um Silva do Brasil e das Áfricas: Alberto da Costa e Silva

Durante muito tempo o continente africano foi visto como um vasto território sem história, aquela com H maiúsculo. Ninguém menos do que Hegel afirmou, ainda no...

Artista afro-cubana recria arte Renascentista com negros como figuras principais

Consideremos as famosas pinturas “A Criação de Adão” de Michelangelo, “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli ou “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. Quando...
-+=