Comercializar fotos íntimas ou trocar sexo por presentes são alguns dos atos que configuram o crime de exploração sexual. Nesta quinta-feira (18), dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o g1 conversou com a psicóloga Thaís Machado sobre os impactos que essas violências têm nas vidas das vítimas e os sinais que elas normalmente demonstram.
Em 2022, foram registrados mais de 3 mil casos de estupro de vulnerável na Bahia, um número 64% maior do que o contabilizado em 2021, conforme foi informado pela Polícia Civil. Dentro desse compilado, podem haver casos de exploração sexual, que não foram especificados.
A polícia associa o aumento de registros a mudança na forma que eles passaram a ser contabilizados em 2022 – diretamente a partir do boletim de ocorrência – e as ações investigativas contra esse tipo de crime na Bahia.
O g1 também solicitou os dados das cidades com mais registros desses tipos de crimes na Bahia e o número de casos em Salvador, mas não teve resposta. As informações referentes ao ano de 2023 também foram pedidas.
Além de falar sobre os crimes e acolhimento às vítimas, Thaís Machado, psicóloga membro da Comissão Regional de Psicologia na Assistência Social (COREPAS), explicou sobre a diferença entre abuso e exploração sexual.
Thaís Machado ainda falou que cada criança ou adolescente vai lidar com o trauma de forma diferente. Podem haver casos de stress pós traumático, depressão, transtorno de ansiedade, distúrbios alimentares, entre outros.
“”É possível afirmar que o abuso e a exploração comprometem o desenvolvimento da criança. Com certeza vão gerar problemas emocionais e de socialização na vítima, inclusive ao longo da vida adulta”, explicou.
A psicóloga afirmou que os crimes abuso sexual afetam principalmente a visão que a criança tem de confiança, já que na maioria das vezes o agressor é uma pessoa próxima da vítima, como tio, padrasto ou até mesmo o pai, pessoas que, em teoria, deveriam protegê-la.
A forma que o adulto responsável lida com a situação também interfere totalmente no bem estar da criança ou do adolescente. Escutar e acreditar na vítima é o primeiro passo para que ela se sinta acolhida.
“O que vai fazer toda diferença é que essa criança seja ouvida e acolhida sem nenhum julgamento. O sentimento da criança é confuso, ela muitas vezes não entende que foi violentada”, explicou.
A forma que o adulto responsável lida com a situação também interfere totalmente no bem estar da criança ou do adolescente. Escutar e acreditar na vítima é o primeiro passo para que ela se sinta acolhida.
“O que vai fazer toda diferença é que essa criança seja ouvida e acolhida sem nenhum julgamento. O sentimento da criança é confuso, ela muitas vezes não entende que foi violentada”, explicou.
Assim como os impactos, os sinais demonstrados pela criança ou pelo adolescente variam. Porém, segundo Thaís Machado, alguns comportamentos são comuns e podem servir como um alerta para pais e responsáveis.
- Mudança repentina de comportamentos e hábitos: alterações de humor, agressividade, pânico e medo. Também é importante perceber se mudança de comportamento está associado a alguma pessoa específica.
- Alterações de sono: insônia e incidência de pesadelos, por exemplo.
- Falta de concentração
- Aparência mais descuidada
- Problemas de saúde: vômitos, doenças com fundo psicológico, como doenças de pele, infecções sexualmente transmissíveis.
Apesar de ocorrerem em casos de abuso sexual, apenas esses comportamentos são insuficientes para provar que o adolescente ou a criança estão sendo vítimas de um crime. Segundo a psicóloga, é preciso avaliar cada caso com atenção.
Diferenças entre os crimes
O abuso sexual de vulnerável acontece quando o agressor estupra ou comete atos libidinosos contra a criança ou o adolescente. Não é necessário haver penetração para configurar o crime, e por isso atos de masturbação ou sexo oral também são considerados abuso sexual.
Segundo a psicóloga Thaís Machado, uma característica bastante comum dos crimes de abuso sexual é a identidade do agressor. Normalmente, ele é uma pessoa que está inserida no cotidiano da criança ou do adolescente.
” O abusador normalmente é uma pessoa próxima, como padrasto, tio ou amigo da família. Ele primeiro se aproxima, dá presentes, ganha a confiança da criança e depois comete os abusos”, contou.
Já nos casos de exploração sexual o corpo da criança ou do adolescente é utilizado como moeda de troca ou como forma de comercialização.
“É um tipo de violência que normalmente envolve uma rede de pessoas interessadas nesse lucro e nesse comércio”, disse.
Ainda segundo a psicóloga, os casos de exploração sexual de menores são mais insidentes em regiões turísticas.