Com 117 mortes de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais em 2017, entidades programam série de atos e marchas
A luta contra o ódio e o preconceito por orientação sexual e identidade de gênero não pode parar. Diante de um quadro de 117 mortes de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais em 2017, a comunidade LGBTI programa para esta semana marchas e eventos nos 26 estados e no Distrito Federal em solenidade ao Dia Internacional de Enfrentamento da LGBTIfobia, na quarta-feira.
Nos estados e municípios, os atos ocorrerão nas câmaras municipais e assembleias legislativas. Em Brasília, a data será marcada por um café da manhã com parlamentares e militantes LGBTI no Congresso. “É um dia de denúncia, que é uma ferramenta fundamental para que se tome uma ação concreta para diminuirmos a falta de respeito existente entre gays, negros e todas as diferenças”, defende o diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis.
Os militantes LGBTI promoverão ações no intuito de cobrar educação e respeito às diferenças, bem como criminalização à violência por orientação sexual e identidade de gênero. “Tem lei que protege a criança, o idoso, o negro, a mulher e o indígena. Mas, para gays, lésbicas e trans, o Congresso ainda é totalmente omisso. Não há tipificação a esses crimes. Propostas existem, mas não avançam porque temos uma bancada fundamentalista do ódio, que acha que nós não devemos existir”, critica Reis.
Em escolas e centros de educação, onde o respeito deveria ser pregado e ensinado, o que se constata é o contrário, lamenta Reis. Dados da Secretaria de Educação e da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (ABGLT) apontam que 73% da comunidade sofre bullying nas escolas. O banheiro é um espaço evitado por 38,4%, que se sentem constrangidos ou inseguros. “E 60% se sentem inseguros e 37% apanham nas unidades escolares”, relata Reis.
O cenário ideal, avalia Reis, é de que o respeito às diferenças seja ensinado desde a educação infantil. “Temos que mostrar que todos são iguais em direito e diferente no seu modo de ser. Que as pessoas são católicas, evangélicas, espíritas e ateias. Que são brancas, amarelas e negras. Todos têm tipo de comida e gosto. Isso é respeitar as diferenças. Não queremos ensinar ninguém a ser gay ou lésbica. Até porque têm muita gente se assumindo. Queremos é respeito”, destaca.
Denúncia
Quem tiver o interesse em participar do café da manhã e das audiências públicas em celebração ao enfrentamento à homofobia e transfobia tem até hoje para solicitar a entrada aos organizadores do evento. “Vamos usar a data para ressaltar a importância de fazer toda e qualquer denúncia de violência aos direitos humanos. O Estado existe para proteger as pessoas e promover o bem-estar social”, enfatiza Reis.
Dias de luta
A comunidade LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais) promove ações na quarta e quinta-feira de enfrentamento ao ódio e ao preconceito.
Violência
Somente em 2017, o movimento LGBTI calcula um total de 117 homicídios
(Des)Educação
Estudos apontam que 73% da comunidade LGBTI sofrem bullying na escola. 60% se sentem inseguros no colégio. E 37% sofrem violência física na escola.
Programação
Diante de tanta intolerância, o movimento promoverá ações em todos os 26 estados e no DF de conscientização e respeito às diferenças. Em Brasília, muitos atos serão organizados no Congresso. Confira:
Quarta-feira
8h30, café da manhã com parlamentares e militantes LGBTI. Local: Auditório Freitas Nobre — Subsolo do Anexo IV da Câmara dos Deputados
10h30, audiência Pública em Comemoração ao Dia Internacional de Enfrentamento à Homofobia e Transfobia. Local: Sala Florestan Fernandes — Plenário 9, ala Senador Alexandre Costa, Anexo II – Senado
14h, audiência Pública – Crimes de Ódio contra LGBTI. Local: Plenário 9 da Câmara dos Deputados
Quinta-feira
9h, seminário de Combate à LGBTfobia. Vai até as 13h. Local: Interlegis – SAFN Anexo E do Senado – Zona Cívico-Administrativa