Eu sei o que você está sentindo Por Fernanda Pompeu

Empatia é uma palavrinha grega que sonoramente me lembra empada, apesar não ter nada a ver com palmito ou frango. Ela traduz um sentimento importante e totalmente presente nas nossas vidas. Afinal só acreditamos em um filme, um livro, uma novela quando nos identificamos com suas personagens.

Se identificar com o outro é ter empatia. É enxergar qual circunstância e momento de vida em que esse outro se encontra. É de alguma maneira se reconhecer nele. É tirar o preconceito do ouvido para escutar uma queixa, reivindicação, necessidade.

Usando uma imagem poética: empatia é ouvir com o coração. Reconhecer no interlocutor um pouco de você mesmo. De maneira mais simples e pragmática é seguir o ensinamento milenar: “Ponha-se no lugar do outro.”

Ponha-se no volante do motorista aguardando uma brecha para mudar de faixa. Na pele do pedestre se esquivando de uma enorme poça d’água. No corpo do cadeirante tentando subir no ônibus. Na cabeça de alguém que está ganhando, ou que se sente fracassando.

Mas sentir empatia não é somente experimentar um sentimento nobre e bom. Ela vai além da alegria na vitória e da solidariedade na dor. Nos ajuda quando queremos que um outro compreenda o que estamos tentando dizer.

Para aderir à nossa mensagem é preciso que aquele que ouve, lê, vê, sinta empatia por sua vez. Trata-se da base sólida da negociação. Isto é, se fosse uma estrada, a empatia teria mão dupla.

Bons vendedores são profissionais que se colocam na perspectiva do comprador. Sabem o limite entre sedução e insistência. Idem para jornalistas, escritores, desenhistas, comunicadores.

Eu, por exemplo, ao escrever neste blog Mente Aberta, fico me perguntando se os internautas do outro lado da telinha irão se identificar com a intenção das minhas palavras. Vão dialogar, ou vão rejeitar?

A empatia faz com que a gente se reconheça dentro de uma comunidade e até mesmo dentro de uma civilização. Sem ela,
seria improvável a arte, o comércio, a comunicação. Arrisco: seria impossível a humanidade.

Imagem: Régine Ferrandis. Escultura de Dominik Lang.

 

 

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