EUA indicam militante gay para embaixador na República Dominicana

Enviado por Waltecy Alves Dos Santos via Facebook

James Brewster é diretor nacional LGBT do Comitê Nacional Democrata e já sofre resistências da Igreja Católica local

Por: Marina Castro

Eleito com grande aprovação da comunidade gay norte-americana, cujo voto foi considerado “crucial” para que conseguisse o segundo mandato, o presidente Barack Obama parece estar levando a sério a declaração de seu discurso de posse de que “nossa jornada não está completa até que nossos irmãos e irmãs gays sejam tratados como qualquer outra pessoa perante a lei”.

Antes de a Suprema Corte dos Estados Unidos ter considerado, nesta quarta-feira (26/06), a DOMA (Lei de Defesa do Casamento, ou Defense of Marriage Act), que barrava benefícios a casais gays, uma lei inconstitucional, Obama havia nominado, na última sexta-feira (21/06), um militante do movimento gay como embaixador dos EUA na República Dominicana.

James Brewster, ou Wally Brewster, como é mais conhecido, é o diretor nacional do departamento LGBT do Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês), ocupa um alto cargo na consultora SB&K Global e foi um dos maiores apoiadores de Obama em sua campanha eleitoral.

Segundo declarações do encarregado de negócios da embaixada dos EUA no país, Daniel Foote, Brewster está “muito contente” com a possibilidade de trabalhar na República Dominicana. A decisão do Departamento de Estado norte-americano (que ainda tem que ser aprovada pelo Senado) de nomear um homossexual para embaixador tem gerado repercussão na imprensa do país caribenho.

Foote frisou que Brewster não foi escolhido por sua homossexualidade, mas por suas contribuições à democracia, sua capacidade profissional e sensibilidade social. Apesar disso, ele apoiou a ideia de que, ao ocupar o cargo a que foi nominado por Obama, o ativista reforçaria os grupos LGBT da República Dominicana. Ele confia que a escolha será ratificada pelo Senado dos EUA e que os dominicanos poderão apreciar o trabalho feito por Brewster em prol das relações bilaterais entre os dois países.

Obama, por sua vez, voltou a defender os direitos gays hoje, no Senegal, primeiro país de sua visita à África. Ele afirmou que o Estado deve tratar os homossexuais do mesmo modo como trata todos os outros cidadãos.

“Minha opinião é que, quanto à lei, as pessoas deveriam ser tratadas da mesma forma, sem importar a raça, a religião, o sexo ou a orientação sexual”, disse Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com o presidente senegalês, Macky Sall, no Palácio Presidencial de Dacar.

Sobre a decisão da Suprema Corte norte-americana, Obama havia dito se tratar de “uma vitória para a democracia americana” e “um dia de orgulho” para os Estados Unidos, na confirmação do “preceito básico de que somos todos iguais perante a lei”.

Desde que se tornou presidente, Obama tomou diversas medidas em favor dos homossexuais norte-americanos. Ele assinou um projeto de lei que revoga a política do “não pergunte, não conte” sobre os gays nas forças militares dos EUA, além da Lei de Prevenção de Crimes de Ódio Matthew Shepard e James Byrd Jr., que adiciona gênero, orientação sexual, identidade de gênero e deficiência à lei federal de crimes de ódio.

Ele foi o primeiro presidente norte-americano a falar de direitos gays ou mesmo mencionar a palavra “gay” no discurso de posse e, sob o seu mandato, a primeira mulher abertamente gay em sua posição, Sharon Lubinski, foi nomeada marechal. Obama havia pedido a revogação da DOMA e, nesta semana, foi atendido pela Suprema Corte.

Além de Wally Brewster, outro homossexual, John Berry, foi nomeado por Obama como embaixador, dessa vez para a Austrália.

Críticas da Igreja Católica

Ontem, a Igreja Católica da República Dominicana rechaçou a nomeação de um homossexual para embaixador dos EUA no país. O bispo auxiliar de Santo Domingo, monsenhor Pablo Cedano, declarou que Brewster “está longe de nossa realidade cultural”.

Ele também expressou sua “esperança” de que o designado embaixador não chegue ao país, porque, se o fizer, “vai sofrer e terá que sair”. “Acho que foi uma falta de sensibilidade, de respeito dos Estados Unidos”, disse o monsenhor, sobre a ação de nomear um ativista gay como embaixador, durante uma atividade para discutir os direitos humanos dos trabalhadores imigrantes do país.

 

 

Fonte: Opera Mundi

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