Deputado comunista e fundador da ALN, Marighella será homenageado na cidade onde sua trajetória foi interrompida
Por Marcos Hermanson, no Brasil de Fato
A morte do guerrilheiro comunista Carlos Marighella completa 50 anos nesta segunda-feira (4). Símbolo de resistência à ditadura militar (1964-1985), ele será homenageado por militantes de esquerda e admiradores de sua trajetória em São Paulo (SP).
Neste domingo (3), o Armazém do Campo organizará o Almoço da Resistência, em homenagem a Marighella e à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março do ano passado. O evento acontece na Alameda Eduardo Prado, nº 499, no bairro Campos Elíseos, na capital paulista, a partir das 12h.
Na segunda (4), a partir das 10h, companheiros de luta, simpatizantes e familiares – como a viúva Clara Charf e o filho Carlinhos – comparecerão a um ato político na Alameda Casa Branca, nº 800, local onde Marighella foi assassinado há cinco décadas. Às 18h30 do mesmo dia, uma sessão solene em memória do líder revolucionário será realizada na Câmara Municipal de São Paulo.
Marighella nasceu na Bahia em 1911 e engajou-se na luta política ainda na época do ginásio. Na década de 30, ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCB) e foi preso duas vezes pelo governo de Getúlio Vargas por sua atividade militante.
Com a reabertura política de meados da década de 40, ele chegou a ser deputado federal constituinte, em uma bancada composta também por nomes como Jorge Amado, Gregório Bezerra e Maurício Grabois.
Durante a ditadura, Marighella foi expulso do PCB e fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), que seriaa maior organização de luta armada contra o regime. O grupo foi responsável por ações como o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick (ação executada junto ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro) no Rio de Janeiro e a tomada da antena da Rádio Nacional, em São Paulo.
Carlos Marighella, ou Preto – como era conhecido pelos companheiros da ALN – foi assassinado a tiros por agentes da repressão em uma emboscada quando chegava de carro a um aparelho – local clandestino destinado a realização de reuniões e ao abrigo de militantes – na noite de 4 de novembro de 1969.
Em tempos de disputa de narrativa sobre o que foi a ditadura militar, Marighella é lembrado por sua coragem de resistir à repressão organizada do Estado, tornando-se um símbolo da luta pela liberdade e pela justiça social.