A primeira mesa deste sábado no ciclo de palestras “Elas por Elas” discutiu um dos assuntos mais graves no que diz respeito à mulher: a violência sexual e a dificuldade em combatê-la. A modelo Luiza Brunet, a cineasta Sandra Werneck, a promotora de justiça Silvia Chakian e a escritora Clara Averbuck participaram do painel, que teve mediação da diretora de redação da “Marie Claire”, Marina Caruso.
por Luiza Barros no O Globo
Vítima de um estupro na adolescência, a escritora Clara Averbuck falou sobre o desafio de criar uma filha em uma sociedade em que meninas continuam sendo alvo de agressores.
— Minha filha foi assediada em um bloco de carnaval, mas eu vou falar para ela deixar de ir? Não! A culpa nunca é da vítima, a culpa nunca é da vítima — ressaltou a escritora, que disse brigar com quem assedia sua filha nas ruas.
Luiza concordou e lembrou episódios em que homens fizeram o mesmo com a sua filha, a modelo Yasmin Brunet.
— Também faço isso. A Yasmin está aqui e ela lembra disso. Já aconteceu no aeroporto — contou a modelo, que falou ainda sobre o comportamento dos agressores. Embaixadora de uma marca de beleza, ela rodou o país conversando com outras mulheres vítimas de violência doméstica. — Pelos depoimentos que eu ouvi, existe um prazer mórbido mesmo. Há uma atitude descontraída depois da agressão — revelou.
Após uma pergunta do público, Clara Averbuck falou sobre como os homens podem contribuir para mudar o cenário atual.
— Converse com os seus amigos. O machismo é a norma da sociedade. A coisa que eu mais escutei na minha vida foi ‘mas eu não sou machista’. Machismo não é só bater em mulher. O papel do homem é nos escutar e conversar com outros que não vão ouvi-las. Enquanto eles não se engajarem nesse assunto, as coisas não vão mudar — avisou.
A cineasta Sandra Werneck disse acreditar na força da nova geração de mulheres para gerar grandes mudanças na sociedade:
— A gente conseguiu andar um pouco com esse assunto. No ano passado, aconteceram várias manifestações nas ruas. São meninas muito jovens, de vinte anos. Elas vão mudar as coisas. Acredito muito nessa nova geração. Na Candelária, vimos meninas reivindicado o fim da violência contra a mulher. As jovens têm essa força para mudar e nos ajudar.