Explique a chacina baiana, Rui Costa. E vamos ao debate!

O ano de 2015 começou com números aterrorizantes na segurança pública do Brasil. O Rio de Janeiro, segundo dados da imprensa local, em 29 de Janeiro já tinha assassinado 27 pessoas por bala “perdida”. Perdemos um dos nossos grandes atletas, Ricardo dos Santos, por despreparo de uma pessoa do Estado, estivesse ele fardado ou não, tinha uma arma, porte e “treinamento” autorizados pelo Estado.

Por , do Brasil Post 

Semana passada, sob chancela e benção do governador da Bahia, Rui Costa (PT), a PM baiana assassinou doze jovens, num bairro periférico de Salvador. Chacina?! Pro governador da Bahia é como “um artilheiro que se prepara para fazer o gol.”

Foi com as palavras acima que a excelentíssima autoridade baiana se referiu ao ato praticado por sua PM, que inclusive teve oficial ferido. Rui Costa deve gostar de brincar de tiro ao alvo e acha normalíssimo que o Brasil mate, segundo dados de 2014 da Anistia Internacional, 82 jovens por dia. E destes, 77% negros. Chacina?!

Não, proteção policial. O governador ratifica que “a orientação é que a polícia atue com energia e a força necessária para proteger a sociedade, e que sempre essa ação seja dentro da lei”. Pronto, ele decretou a pena de morte legal e, para facilitar a vida dos atribulados juízes, deixou o julgamento a cargo dos oficiais.

O governador afirmou, ainda, que a violência não seria um problema para o carnaval do estado, afinal quem o frequenta são paulistas, acostumados com o terror urbano. Claro, imediatamente, a SSP-SP lembrou ao governador que o seu cumpanheiroJaques Wagner, atual ministro da defesa (?), deixou o Estado assassinando, por suas mãos ou omissão, 36,1 pessoas a cada cem mil habitantes.

A falta de traquejo na comunicação do governador mostra a fragilidade dos governantes. Mostra que, enquanto a batata Brasil esquenta de todos os lados, eles estão desesperados e despreparados, atirando-a uns aos outros, inclusive à população. Mostra que os que estão lá no poder são completamente dessincronizados com a realidade e com o pensamento do povo que eles governam.

Mostra a falta de vontade deles todos em lidar com um tema caro à hipocrisia nossa de cada dia que, ao contrário dos jovens, tem cada dia mais espaço na sociedade: as políticas de drogas. Porque enquanto não discutirmos a legalização, principalmente da maconha, e não repensaremos o papel da polícia brasileira, continuaremos chorando, ou não, chacinas, balas perdidas, guerras urbanas e policiais mortos e feridos. E o pior, achando normal.

Explique-se, governador, mostre que o senhor tem um mínimo de conhecimento do que fazer na cadeira em que ocupa. Faça isso não através das palavras de um desvairado profissional de comunicação, mas buscando entender qual a opinião popular. Guarde suas geniais comparações entre o trabalho de um artilheiro de futebol eficiente e um policial em operações de favela para sua intimidade. Dê uma resposta ágil, eficiente e institucional ao ocorrido.

E faça um pouquinho mais: coloque o debate da legalização das drogas na mesa. Isso sim, será genial. Protegerá os policiais e a juventude deste país. E deixe as comparações para escritores e poetas, eles sabem utilizá-las propriamente.

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