Felipe volta pela 1ª vez ao Barradão, palco de trauma causado por racismo

Fonte: UOL –

Quando entrar no vestiário do Barradão nesta quarta-feira para se preparar antes da partida diante do Vitória, o goleiro Felipe irá reencontrar o local onde viveu um triste episódio em 2005. Foi nesse ano que o hoje goleiro do Corinthians denunciou um ato racista e acusações de “corpo mole”.

“Fiquei dez anos no Vitória e será a primeira vez que volto lá desde que saí em 2005. Tenho muitos amigos lá, mas vamos ver como será retornar”, comentou o camisa 1 na manhã desta terça-feira, pouco antes de embarcar rumo a Salvador.

Felipe foi revelado nas categorias de base do clube baiano e lá já era considerado um goleiro promissor. Entre 2004 e 2005, porém, o time rubro-negro passou por momentos difíceis e acumulou dois rebaixamentos seguidos no Brasileiro, indo da elite para a Série C em duas temporadas.

Depois da segunda queda, Felipe disse ter sido vítima de um dos episódios mais tristes de sua carreira. O empate por 3 a 3 com a Portuguesa no Barradão decretou o descenso do Vitória. Logo em seguida, o então presidente do clube, Paulo Carneiro, acusou Felipe de ter entregado o jogo e ainda disparou insultos racistas.

O episódio culminou com a saída do goleiro e um processo que tramita na Justiça até hoje. Pelo Corinthians, Felipe também já foi alvo de racismo pelo menos duas vezes, ambas no ano passado. Durante a Série B do Brasileiro, o camisa 1 foi insultado por torcedores de ABC e Juventude, respectivamente, em Natal e Caxias do Sul.

“Eles tiveram atitudes racistas o jogo inteiro. Mas vou esquecer isso. Estão praticamente eliminados e vão continuar na segunda divisão. Vou torcer para que eles caiam para a Série C”, esbravejou o goleiro ainda no gramado do Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.

Na noite desta quarta-feira, Felipe voltará ao Barradão para tentar recuperar apenas as boas lembranças em sua antiga casa. E também para ajudar o Corinthians a reencontrar as vitórias (a equipe triunfou apenas uma vez nas últimas oito rodadas).

“Jogar no Barradão sempre foi complicado, é difícil ganhar lá”, avisou o camisa 1, que ainda tem ligação forte com Salvador, onde viveu durante muitos anos e onde sua família ainda reside. Na última semana, inclusive, o goleiro passou algumas horas de folga na capital baiana.

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