Foi preciso que um jornal estrangeiro reconhecesse o que Haddad vem fazendo em São Paulo. Por Paulo Nogueira

E foi preciso que uma publicação estrangeira reconhecesse o que Haddad vem fazendo em São Paulo.

Por Paulo Nogueira Do DCM

O Wall Street Journal – conservador, pertencente a Murdoch – disse que em cidades mais mentalmente arejadas Haddad seria reconhecido como um “visionário urbano”.
Mas São Paulo, minha São Paulo, a cidade onde nasci e onde hei de morrer, bem, a cidade hoje é um monstro.

Era uma cidade popular, corintiana, à frente do resto do país em dinamismo, pujança e capacidade de trabalho.

Virou uma cidade reacionária, raivosa, preconceituosa e, sob muitos aspectos, obtusa.

Haddad inventou a bicicleta em São Paulo, e você pode dizer: demorou.

São Paulo quase não anda por causa de congentionamentos monstruosos, que entre outros efeitos poluem criminosamente a cidade.

Era óbvio que a cultura da bicicleta tinha que surgir como resposta ao pesadelo cotidiano de motores parados e motoristas neurotizados.

Sim, era óbvio. Londres, Paris, Nova York – todas as grandes metrópoles do mundo fizeram isso, no rastro dos exemplos extraordinários de Copenhague e Amsterdã.

Mas o que fizeram os antecessores de Haddad, notadamente Serra e Kassab?

Nada.

Kassab, pelo menos, não se vangloria de ser um cérebro à frente de seu tempo.

Mas Serra sim. E a verdade é que, você vendo sua folha corrida, Serra é exatamente o oposto.

Ele nunca fez nada que prestasse. São Paulo, sob ele, foi a cidade das árvores e faróis destruídos a cada chuva, dos pernilongos em festa – e dos automóveis caoticamente ocupando as ruas. Quando Serra falou emmobilidade urbana quando prefeito?

São Paulo virou a cara de Serra, em suma.

Se Serra teve sempre maciço apoio da imprensa para gerir bisonhamente São Paulo, Hassad enfrentou desde o início um brutal ataque.

Ele teve, de saída, uma iniciativa brilhante para enfrentar um dos dramas paulistanos: a desigualdade.

Montou um plano segundo o qual o IPTU de bairros periféricos seria reduzido em troca da elevação da taxa das zonas mais ricas.

Já aí ele mereceria aplausos.

Mas aconteceu o oposto. A imprensa crucificou Haddad, e os paulistanos mais abastados reagiram de uma forma pateticamente egoísta e míope.

Só que Haddad estava certo.

Assim como está coberto de razão na bicicleta.

Passada esta fase sinistra de São Paulo, superado o ódio dos que batem panelas e vestem roupas da CBF para manifestações pedir a volta dos militares, se verá o quanto Haddad acertou ao criar a cultura da bicicleta entre os paulistanos.

É possível, e até provável, que ele não consiga se reeleger em 2018.

Será uma pena, uma imensa pena para a cidade.

Caso ele não ganhe um segundo mandato, será por causa de suas virtudes – por ser um visionário urbano, como definiu o WSJ, numa terra tão reacionária.

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