Folha de S. Paulo na contramão dos direitos da comunidade LGBT

“Folha de S.Paulo estreia novo blog voltado para a comunidade LGBT“. Em princípio, a notícia me alegra, uma vez que os veículos de comunicação ainda não pautam essa questão.

Por Camilla Marins Do Brasil247

Ano passado, com a divulgação e assessoria de imprensa do PreparaNem, enfrentamos uma disputa de narrativas na mídia. E essa disputa foi por meio de muito diálogo e muita empatia com jornalistas trabalhadores. Colegas ouviram e começamos, de fato, a construir uma narrativa inclusa e ver travestis empoderadas em capas de jornais. Viramos “consultores” da redação.

Agora, a Folha de S. Paulo inaugura um blog, cujo primeiro post traz uma entrevista com Marco Feliciano. Sim, o próprio. Ele que afirmou sobre o atentado LGBT fóbico em Orlando: “Não dá para garantir que foi crime motivado por homofobia“.

Um veículo de comunicação tem a responsabilidade de produzir narrativas alinhadas à defesa dos direitos humanos, e não dar voz a um homem LGBTfóbico. Um homem que defende, publicamente, violências.

Estou APAVORADA. Temos tantas pautas importantes no movimento LGBT como a inclusão de pessoas trans nas universidades e no mercado de trabalho, políticas de saúde para lésbicas. É preciso inverter a lógica de visibilizar tragédias e essas violências. Discurso é poder e dar voz [numa impossibilidade dialógica] a esse homem é muito grave, ainda mais em um blog destinado a pessoas LGBTs. Isso não representa “neutralidade” jornalística [até porque isso não existe].

A comunicação também é instrumento de empoderamento e de visibilidade. Sim, as pessoas LGBTs existem e resistem. Agora, vamos a outro ponto polêmico: o nome “Gays e afins” e a composição da equipe. Como sempre, historicamente, no movimento LGBT são homens gays dominando os espaços.

Compreendo que são trabalhadores e eles não têm qualquer culpa, uma vez que a decisão política é do veículo. Precisamos construir uma comunicação TRANS. Transversal e transformadora. Não há mulheres (nem cis nem trans) na equipe. E atentem que nós, mulheres, somos maioria na categoria, de acordo com pesquisa realizada pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj)

Então, não me digam que não tem mulher jornalista. Por uma comunicação TRANS: transversal e transformadora. Por fim, NÃO SOMOS AFINS! ‪#‎NãoSomosAfins‬

+ sobre o tema

Homofobia na UFCA e o ódio o feminino – Por Jarid Arraes

Discursos de ódio e casos de racismo, homofobia e...

Filha de Raúl Castro lidera conga anti-homofobia em Havana

Fantasiados de havaianas e abraçados em bandeiras com as...

Pastor que fazia ‘cura gay’ é preso por abuso sexual de dois homens

Reverendo Ryan J. Muehlhauser pode pegar até dez anos...

Homofobia e violência no Sukiya

Jovem foi intimidado e agredido por garçom do restaurante...

para lembrar

Dissecando a Operação Vingança

A política de olho por olho, dente por dente...

Sônia Nascimento – Vice Presidenta

[email protected] Sônia Nascimento é advogada, fundadora, de Geledés- Instituto da...

Suelaine Carneiro – Coordenadora de Educação e Pesquisa

Suelaine Carneiro [email protected] A área de Educação e Pesquisa de Geledés...

Sueli Carneiro – Coordenadora de Difusão e Gestão da Memória Institucional

Sueli Carneiro - Coordenação Executiva [email protected] Filósofa, doutora em Educação pela Universidade...
spot_imgspot_img

Dissecando a Operação Vingança

A política de olho por olho, dente por dente nas ações da polícia de São Paulo só tem feito aumentar a violência, provocando a intensificação...

Adaptação às mudanças climáticas para população negra 

A agenda de adaptação às mudanças climáticas ficou em segundo plano nas negociações e agendas nacionais. Mas o ano de 2023 ativou um gatilho...

Ação da ApexBrasil faz crescer número de empresas lideradas por mulheres nas exportações

Para promover mudança é preciso ação, compromisso e exemplo. Disposta a transformar o cenário brasileiro de negócios, há um ano a ApexBrasil (Agência Brasileira...
-+=