“Fui abusada, oprimida, ofendida e espancada ao longo da minha infância”

Em apoio à iniciativa #AgoraÉQueSãoElas, ofereci o espaço do blog a Maria Adelaide Amaral, autora de teatro e de novelas e minisséries, para ela falar da sua experiência a respeito do abuso contra mulheres.

Por  Maria Adelaide Amaral, no blog do Mauricio Stycer

 

Fui abusada, oprimida, ofendida e espancada ao longo da minha infância por pai, mãe e irmãos por ser desbocada e preferir brincar com meninos. Por que eu não era como as outras meninas?

Se, em Portugal, nos anos 40 a diferença era severamente punida, no Brasil dos anos 50 a repressão social e doméstica se repetiu. Na adolescência, fui alvo do assédio de amigos e clientes do meu pai, que me diziam obscenidades e tentavam me bolinar (muitas vezes conseguiam). E não podia sequer me queixar aos meus pais, porque a culpa naturalmente era minha.

Já era comum nessa época homens se esfregarem nas moças no transporte público. Como era comum o exibicionismo nos cinemas. Subitamente, na cadeira ao lado, um homem “se descompunha”, eufemismo da época para quem exibia publicamente o sexo.

Apesar da revolução feminista, parece que pouca coisa mudou desde então. É só ouvir os relatos das mulheres que se espremem todos os dias nos ônibus, trens ou vagões de metrô para chegar ao trabalho.

+ sobre o tema

O retorno do goleiro Bruno, entre a ressocialização e o cinismo

Atleta condenado pelo assassinato de Eliza Samudio é novamente...

Conectas cobra apuração rígida de mortes provocadas por ação da PM

Operação em Paraisópolis evidencia descaso da segurança pública com...

Pandemia amplia canais para denunciar violência doméstica e buscar ajuda

Entre as consequências mais graves do isolamento social, medida...

para lembrar

spot_imgspot_img

A Justiça tem nome de mulher?

Dez anos. Uma década. Esse foi o tempo que Ana Paula Oliveira esperou para testemunhar o julgamento sobre o assassinato de seu filho, o jovem Johnatha...

Dois terços das mulheres assassinadas com armas de fogo são negras

São negras 68,3% das mulheres assassinadas com armas de fogo no Brasil, segundo a pesquisa O Papel da Arma de Fogo na Violência Contra...

A cada 24 horas, ao menos oito mulheres são vítimas de violência

No ano de 2023, ao menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas. Os dados referem-se a oito dos nove...
-+=