Garoto que voltou a estudar após assistir ‘Pantera negra’ visita os bombeiros

O menino que voltou a estudar depois de assistir ao filme “Pantera Negra” ainda se lembra de quando os dois irmãos menores estavam presos no barraco em que viviam e que estava em chamas, na favela Parque das Missões, Duque de Caxias. Renato Siqueira, de 15 anos, tinha só 11, mas não se esquece dos bombeiros enfrentando o fogo. Passou, desde então, a sonhar em ser um deles. Na última semana, o encanto aumentou quando ele conheceu o QG da corporação.

Do Extra 

— Aqui é muito grande. É tudo muito lindo — repetia o rapaz, com um sorriso que não cabia no rosto.

Renato fez o símbolo do ‘Pantera Negra’ Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

O EXTRA contou a história de Renato no dia 23 de março. Ele voltou a estudar depois de oito meses longe da escola, motivado pelo impacto do filme do super-herói, considerado um marco na cultura negra. Na reportagem, ele contava que sonhava em ser bombeiro. A corporação leu a história e o convidou para um tour em que o próprio comandante-geral, o coronel Roberto Robadey Costa Júnior, esteva presente.

— Ele será muito bem-vindo à corporação. É preciso apenas que se forme no ensino médio e faça uma das nossas provas de ingresso — convidou o comandante.

Renato fez o símbolo do ‘Pantera Negra’ Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

No passeio, os bombeiros levaram Renato e algumas crianças do Apadrinhe um Sorriso, projeto social do Parque das Missões que incentiva a leitura. Foi numa ação do Apadrinhe que ele conseguiu ir ao cinema. A visita ao QG dos bombeiros, no Centro do Rio, começou com um tour pelo museu na corporação: eles viram réplicas das primeiras viaturas e ambulâncias. Depois, teve um passeio de viatura por dentro do pátio e um lanche.

— Quero ser bombeiro para salvar a vida das pessoas. Como eles salvaram a do meus irmãos — conta Renato.

Renato voltou a estudar depois de assistir o filme “Pantera negra” Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Renato deixou a casa do pai por cauda de brigas com a irmã e alugou um barraco por R$ 130 mensais. Engraxava sapatos todo dia na Central, e muitos clientes o aconselharam a voltar para a escola, mas foi só depois de ver o “Pantera Negra” que tomou a decisão.

— Sem a escola, não vou conseguir nada. Pensei nisso quando vi, no filme, o Pantera Negra ter que virar rei depois que o pai morreu. Ele achou que não ia conseguir. Mas ele tinha estudo e conseguiu — lembra o menino, agora cursando o 7º ano do Colégio estadual Vila Operária.

+ sobre o tema

USP oferece curso online de programação para alunos do ensino médio

USP oferece curso online de programação para alunos do...

‘Com a política de cotas, a universidade passa a ser uma possibilidade real’

Com a política de cotas, a universidade passa a...

Universidade de Coimbra usará enem para brasileiros

Estudantes brasileiros poderão ingressar na Universidade de Coimbra, em...

UNICAMP: 4 Cursos de extensão a distância na área da Educação abrem inscrições

A Escola de Extensão da Unicamp – EXTECAMP é...

para lembrar

Apoiar entrada de jovens negros na universidade é pensar sobre qual futuro queremos

Em um cenário de crise aguda, a educação continua...

Kelly se tornou professora na pandemia e luta por inclusão na sala de aula

Kelly Aparecida de Souza Lima, de 46 anos, tornou-se...

Joel Rufino fala da literatura nas escolas

Joel Rufino dos Santos é um dos nossos mais...

Matrículas das universidades federais caem pela primeira vez desde 1990

George Monteiro, de 20 anos, já tinha encaminhada sua...
spot_imgspot_img

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de...

Estudo mostra que escolas com mais alunos negros têm piores estruturas

As escolas públicas de educação básica com alunos majoritariamente negros têm piores infraestruturas de ensino comparadas a unidades educacionais com maioria de estudantes brancos....

Educação antirracista é fundamental

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e privadas do país é obrigatória (Lei 10.639) há 21 anos. Uma...
-+=