Geledés: Massacre no Rio de Janeiro é expressão de um terror racial

28/10/25

Hoje, dia 28 de outubro de 2025, as forças de segurança pública do estado do Rio de Janeiro promoveram o massacre de 64 pessoas nos Complexos do Alemão e da Penha, em uma demonstração inquestionável da interdição da cidadania de populações negras e periféricas no Brasil. Estamos diante da expressão de um terror racial que inviabiliza a própria ideia de democracia neste país.

Mais uma vez, o Estado brasileiro revela sua face mais cruel: transforma territórios negros em campos de extermínio e a vida de sua população em alvo. Não se trata de uma operação contra o crime, mas de uma guerra contra o povo negro, legitimada pela lógica que confunde pobreza com perigo, negritude com inimigo.

Essas mortes não são acidentes. São parte de um projeto histórico de controle e destruição de uma parcela específica da sociedade brasileira, que se renova sob diferentes governos e discursos. Quando um governador legitima quem mata, ele reafirma o pacto colonial/racial que funda a nossa nação: o de que a vida negra é descartável.

O presente massacre, que se configura como o mais letal do estado fluminense, é o retrato mais recente da permanência do racismo estrutural que rege o Estado e molda as instituições. O que se perpetua é uma política de morte que retira da população negra o direito à existência, ao luto, à dignidade e ao seu próprio país.

Há 37 anos, Geledés — Instituto da Mulher Negra se une à denúncia que o movimento negro brasileiro faz há décadas: sem a vida negra com dignidade, não há democracia possível.

Nossa luta é, e sempre será, pela construção de uma Nação em que o direito à vida não seja privilégio, mas condição humana inegociável.

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