Geledés reforça a diplomatas brasileiros em NY ideia de formar Major Group na ONU

Representante da organização ressalta necessidade de se avançar nos ODSs com recorte racial

FONTEKátia Mello - katiamello@geledes.org.br

Nesta terça-feira, 19, em seu último dia de participação na Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) 2023, que aconteceu em Nova York, Geledés- Instituto da Mulher Negra participou de reunião no Consulado do Brasil em Nova York, com a presença do ministro Márcio Macedo, Secretário Geral da Presidência da República, e outras organizações da sociedade civil.

Neste encontro, a socióloga Letícia Leobet, representante de Geledés, fez um pronunciamento em que delineou os últimos acontecimentos da semana na ONU. Letícia abriu sua fala destacando os avanços “nítidos” neste período de transição em que se encontra o País. “Nós, enquanto Geledés e movimento negro, gostaríamos de reafirmar esse compromisso tanto a nível nacional no que diz respeito à unificação desses dois Brasis, em fala que Sueli Carneiro (coordenadora e fundadora de Geledés) fez com o presidente Lula na recriação do Conselhão, olhando a partir da lente dos ODSs. Temos esse mesmo esforço em nível internacional ao reafirmarmos a presença brasileira com o compromisso e responsabilidade sobre os aspectos de reparação histórica”, disse.

Neste sentido, a representante de Geledés elogiou a iniciativa governamental de se avançar com a efetivação do 18º ODS (atualmente são 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis), ideia reforçada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante o encontro paralelo promovido por Geledés nesta última segunda-feira, 18.

“Em especial, para nós do movimento negro, visualizar o reconhecimento de uma afirmação, uma assunção de um compromisso com o ODS 18 em um momento como esse é algo bastante relevante”, disse Letícia. Porém, a socióloga argumentou que é necessário ir além dessa determinação, com a questão dos afrodescendentes permeando todos os ODS. “Nós, como sociedade civil, temos tentado fazer essa interface a partir do Relatório Luz (sobre a Agenda 2030 no Brasil) mesmo com essa dificuldade e ausência de dados (sobre os afrodescendentes) para que possamos demarcar esse recorte. Temos a dimensão nacional e internacional com a questão afrodescendente que está extremamente invisibilizada”, disse Letícia.

Para que haja um real avanço nas Nações Unidas em relação à esta questão, Geledés está se mobilizando junto a outros Major Groups a efetivação de um Major Group de Afrodescendentes, ideia também aventada durante o encontro promovido por Geledés em Nova York.  E para tal conta com o apoio do governo federal para que essa iniciativa avance. “Estamos conversando com o Itamaraty com a intenção de criar um Major Group (de Afrodescendentes). Vemos avanço na discussão de mulheres, dos LGBTQA+, mas a questão dos afrodescendentes continua invisibilizada. Esperarmos que o governo brasileiro apoie essa discussão tão importante para nós”, concluiu Letícia.

A demanda de Geledés anunciada durante esta reunião no Consulado do Brasil em Nova York foi realizada no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu pronunciamento na 78ª Assembleia Geral da ONU destacou o compromisso de seu governo em alcançar a igualdade racial no Brasil, ao criticar a inércia global no combate às desigualdades.

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