Ginasta amadora levanta público no Rio: ‘Não vim competir. Vim ser feliz’

Cada vez que pisava na quadra para sua apresentação na Arena Olímpica do Rio, Elyane Boal arrancava gritos efusivos do público e muitos aplausos. Quem não soubesse o que acontecia poderia imaginar que a cabo-verdiana era a melhor entre as 26 que competiram na classificatória da ginástica artística nesta sexta-feira.

Por Fábio Aleixo Do Uol

Mas pelo contrário. Ela foi a última e com uma nota final total 22,376 pontos inferior a penúltima, uma diferença impensável para uma competição de alto nível. Porém, contagiou por seu carisma e força de determinação.

“Fiquei surpresa com o carinho do público e emocionada. Nunca esperava por isso”, afirmou.

Elayne, de 18 anos, sabia que não tinha chance alguma no Rio. Mas não estava nem aí para isso. Só queria aproveitar o momento e o convite recebido do Comitê Olímpico Internacional (COI) para estar em sua primeira Olimpíada.

“Não vim aqui para competir. Vim para ser feliz, representar meu país, para abrir janelas em Cabo Verde para que outras possam estar um dia aqui. Estou muito satisfeita. As outras ginastas, para mim, são parte de outro mundo”, disse a simpática jovem que no último Mundial havia acabado na 111ª colocação na classificação do individual geral.

Em um esporte dominado por europeias, principalmente as do Leste, Elayne também se destacava por ser a única negra em ação no Rio. Algo que ela espera que possa mudar ao longo das próximas gerações.

“Não é mesmo comum ver negras competindo na ginástica rítmica. Talvez isso possa mudar ao longo dos próximos anos”, disse.

Elayne vive em em uma das dez ilhas que formam Cabo Verde, uma pequena nação africana no Oceano Atlântico. E é a única atleta de sua ilha que participa de competições adulta. Não recebe nem um centavo para treinar e competir pelo mundo. Só tem as viagens bancadas pelo Governo e pelo Comitê do país. Agora, vai iniciar seus estudos na faculdade Engenharia para garantir independência financeira no futuro. E claro, vai conciliar com os treinos e competições.

“Eu faço ginástica por amor, simplesmente porque gosto de fazer e é isso o que me importa”, disse a atleta que entrou no esporte por incentivo da avó.

“Lá em Cabo Verde é muito complicado ser uma ginasta. Não temos estrutura, não temos tempo de treinar”, afirmou.

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