Governo quer combater ‘limpeza humana’ de moradores de rua

A presidente Dilma Rousseff participou hoje (22) da comemoração de Natal dos catadores de material reciclável de São Paulo. Durante o encontro, Dilma falou que o governo vai abrir diálogo com os governadores para combater a violência contra as populações de rua e muitos catadores de lixo. As declarações foram dadas após receber do grupo uma lista de 142 mortes de moradores de rua ocorridas neste ano. Muitas delas fazem parte da ação de grupos de extermínio e por ação da polícia.

Dilma classificou as mortes como uma verdadeira “limpeza humana”. “Muitas vezes, o que está ocorrendo é uma limpeza humana nas grandes cidades deste país”, falou.

Os catadores pediram à presidente a criação de um plano nacional de defesa da população de rua, durante a Celebração de Natal dos Catadores. Eles avaliam que a vida melhorou nos últimos anos, mas ressaltaram, no entanto, que continuam sendo vítimas de discriminação e violência.

“Para nós, são muito claras as conquistas que tivemos. Mas só neste último ano 142 dos nossos morreram nas ruas, assassinados, além dos jatos de água e espancamentos da Polícia Militar. Quantos de nós continuarão morrendo, sendo desprezados pela sociedade?”, questionou, em discurso, a representante do Movimento Nacional da População de Rua, Maria Lucia Santos Pereira.

Dilma se comprometeu a intervir. “Nós temos todo um dever em relação à população de rua e o primeiro deles é proteger a vida e proteger contra a violência. O governo federal vai fazer tudo o que puder para impedir que haja nas cidades e nos estados esse nível de violência que vocês estão aqui denunciando. Não controlamos a polícia dos governadores, mas acho fundamental criar com eles um diálogo para impedir isso que a Maria Lúcia [liderança de catadores] veio aqui denunciar. E que não denunciou tudo, conforme ela me disse”, completou a presidente.

Ela disse que o governo vai procurar incentivar as associações e cooperativas de catadores por meio do Plano Brasil sem Miséria, além de incentivar a qualificação dos catadores no aproveitamento de resíduos sólidos para que a atividade passe a ter importância econômica. “Essa atividade tem que ter consequências econômicas e sociais”, disse Dilma.

“Nossa maior preocupação é construir cooperativas e associações. É garantir que os catadores tenham a proteção de uma organização forte para, de fato, atuar na sociedade”. Dilma disse ainda que quer ampliar o cadastro de catadores e pediu a colaboração das lideranças para que as políticas de governo possam atingir essa população.

“Eu juro para vocês que farei o possível e o impossível para que este país, as populações que até então foram marginalizadas sejam de fato, a partir do fim do meu governo, cada vez mais populações com direitos, com oportunidades e, sobretudo, com elevada autoestima. Saibam que todos nós temos de ter responsabilidade conosco mesmos, mas também com toda a sociedade”, concluiu.

Dados

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, algumas ações foram tomadas pelo governo em 2011 para apoiar a categoria. Foi publicado o Decreto nº 7.619, que regulamenta a concessão de crédito a empresas que compram resíduos sólidos de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, constituídas por, no mínimo, 20 cooperados pessoas físicas.

O ministério destaca ainda que lançou o projeto Logística Solidária, que destinou R$ 26 milhões para aquisição de caminhões, capacitação e assistência técnica, estruturação jurídica e instalações físicas de cooperativas.

Hoje, segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), entre 300 mil e 1 milhão de pessoas vivem no país diretamente do recolhimento de utensílios destinados à reciclagem.

Com Agência Brasil

Fonte Vermelho

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