Projeto enviado à Assembleia reduz diferença entre salários pagos a quem atua em grandes centros e pequenas cidades
Decisão é divulgada pela Secretaria da Segurança Pública no mesmo dia em que delegados anunciam paralisação para o dia 19
O governo Serra (PSDB) anunciou ontem o envio à Assembleia Legislativa de um projeto de lei que prevê diminuir a diferença entre os salários pagos aos policiais civis e militares que trabalham nas pequenas cidades e àqueles que atuam nos grandes centros.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que um grupo de 200 delegados anunciou uma greve para o próximo dia 19 -a categoria tem 3.300 profissionais. Entre as reivindicações está o ALE (Adicional por Local de Exercício), exatamente o benefício que foi alvo de mudança no projeto anunciado ontem.
Pela proposta, que precisa ser votada pelos deputados estaduais, em vez dos atuais três níveis para o pagamento do benefício, serão apenas dois: cidades com mais ou menos de 500 mil habitantes. Hoje, a menor gratificação é paga a quem trabalha em cidades com menos de 200 mil moradores -há três faixas: até 200 mil, de 200.001 a 500 mil e acima desse patamar.
De acordo com o governo, essa mudança deve provocar aumentos salariais de até 23,82%, principalmente para quem trabalha em cidades menores, e atingir 52.516 policiais -o Estado tem 127 mil policiais civis e militares. O menor salário, recebido pelos soldados de 2ª classe em começo de carreira, iria de R$ 1.613 para R$ 1.985.
Ontem, na Assembleia, as entidades de delegados criticaram a proposta. Elas reivindicam o fim dos três níveis e a incorporação imediata do ALE pelo teto, que hoje é de R$ 1.575, pago a um delegado que trabalha nas maiores cidades. A proposta do governo, além de criar dois níveis para o benefício, prevê sua incorporação total aos salários em cinco anos.
As entidades de delegados também exigem uma reestruturação da carreira, que inclua o reconhecimento da profissão como carreira jurídica, o que possibilitaria equiparar o salário ao de um promotor -hoje, de cerca de R$ 18 mil. Um delegado em início de carreira recebe R$ 5.810 (para cidades com mais de 500 mil habitantes).
Secretaria diz que não negocia pleitos dos professores
Segundo o governo, reajuste de 34,3% pedido por grevistas “desorganiza as finanças do Estado”
A Secretaria Estadual da Educação classificou ontem como “inegociável” a pauta de reivindicações dos professores da rede paulista. A categoria está em greve desde anteontem.
A declaração foi dada pelo titular da pasta, Paulo Renato Souza, via assessoria de imprensa. Em nota, o governo José Serra (PSDB) diz que a concessão do reajuste de 34,3%, demanda dos docentes, “desorganiza as finanças do Estado”.
Os sindicatos defendem como necessário o reajuste, que representa apenas parte das perdas salariais desde 1998.
Os salários hoje variam de R$ 1.834 a R$ 3.181 (40 horas semanais). O teto agora pode atingir R$ 6.270 -desde que o docente, ao final da carreira, seja aprovado em quatro seleções.
O governo afirma que 1% da rede estadual foi afetada por conta da paralisação; já o sindicato afirma que há a adesão de professores em cerca de 55% das escolas.
De dez escolas consultadas pela reportagem, em pelo menos três a paralisação era parcial. Nas outras, as aulas estavam normalizadas. Uma nova assembleia da categoria está marcada para sexta-feira, no Masp.
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo