Graça Machel fez palestra em Salvador no Fronteiras Braskem do Pensamento

Em Salvador para palestrar no Fronteiras Braskem do Pensamento, que aconteceu nesta terça-feira, 5, no Teatro Castro Alves (TCA), a ex-primeira-dama de Moçambique e da África do Sul e ex-ministra da Educação e Cultura do primeiro país Graça Machel disse que “teria delicadamente declinado” caso fosse convidada a se encontrar com o presidente Michel Temer durante a sua passagem de três dias pelo Brasil.

no A Tarde

Viúva do líder sul-africano Nelson Mandela (1918-2013) e ativista dos direitos das mulheres, Machel visitou a ex-presidente Dilma Rousseff na última vez que esteve no país.

Desta vez, entretanto, “não foi programado encontrar com o governo”, diz ela. “Mas, se tivesse sido, eu teria pedido para os organizadores evitarem. A minha relação com o governo atual não é muito feliz”, afirmou a intelectual africana na coletiva de imprensa que concedeu horas antes do evento, no Sheraton Hotel.

“Não sei fazer de contas. Por dentro, não tenho empatia com esse governo. Quando eu era mais jovem, cumpria papéis, mas agora, com a idade, não cumpro mais. Não sinto, não gosto, não faço”, disse.

Machel também comentou o que chamou de “debate público” sobre questões como racismo e feminismo no Brasil. Apesar de elogiar o fato de essas questões estarem “na agenda” do país, ela disse que “os negros no Brasil ainda não têm voz, presença e igualdade de direitos. A interação racial ainda não se converteu em direitos iguais”, analisou.

Direito das mulheres

Ela também antecipou temas que seriam abordados na conferência. O direito das mulheres negras foi o principal. “Temos ainda o desafio de valorizar e dignificar a mulher e aceitar elas como um ser humano completo. Esse é um dos principais desafios da raça humana”, comentou a moçambicana.

Citando a diferença salarial com os homens e “os índices inaceitáveis de violência contra a mulher” em Moçambique e na África do Sul, “sobretudo sobre mulheres que estão mais próximas dos homens”, a ativista defendeu o uso da educação como meio para “equilibrar os direitos”.

Na gestão de 14 anos à frente do Ministério da Cultura e Educação de Moçambique, no governo do primeiro marido, Samora Machel, um dos principais avanços, elencou ela, foi o aumento no número de meninas nas escolas. Isso, frisou, ajudou a combater o casamento prematuro, que ela define como “um fenômeno de tradições que devem mudar quando atingem os direitos humanos”.

Entre esta quarta, 6, e quinta, 7, antes de voltar para casa, Machel ainda visitará o bloco afro Ilê Aiyê e o Instituto Cultural Steve Biko.

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