Grupo suspeito de extermínio em RO queria fazer ‘limpeza social’, diz PF

Operação Mors investiga 100 homicídios ligados a grupo de extermínio. Onze policiais militares foram presos na manhã desta quinta, 7.

Por Larissa Zuim e Pâmela Fernandes Do G1

Em coletiva na manhã desta quinta-feira (7), a Polícia Federal (PF) de Rondônia disse que os crimes cometidos pelo grupo de extermínio comandado por policiais militares na região do Vale do Jamari eram por motivos fúteis e muitas vezes de cunho ‘da ideologia da limpeza social’ ou de ‘higienização social’. Os policiais envolvidos executavam como forma de justiça privada, assassinando pequenos infratores locais, usuários de droga e atuando contra aqueles que de alguma forma pudessem incriminá-los.

A declaração foi feita após a deflagração da Operação Mors que investiga cerca de 100 assassinatos ocorridos desde 2009 e atentados à casas de juízes e promotores de Jaru e Pimenta Bueno. Em levantamento preliminar são mais de 30 homicídios já atribuídos ao grupo. Foram presas 13 pessoas, sendo 11 PMs. Um outro suspeito de envolvimento está foragido. Atuaram na operação 250 policiais, que cumpriram 14 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão.

De acordo com o delegado Eduardo Gomes, chefe da investigação da PF, não haviam critérios específicos para as execuções. “Continuavam ocorrendo as mortes com a ideologia da limpeza social. O crime evoluiu, as motivações são as mais variadas, interesses pessoais, interesses financeiros, motivos fúteis e inclusive o interesse do grupo em manter o anonimato, executando testemunhas”, diz Gomes.

Em 2014, os homicídios se intensificaram. Segundo a polícia, o grupo perdeu o controle de suas ações. “Foram intimidados funcionários da Justiça, Ministério Público, presidente da OAB, sendo suas residências alvejadas como forma de retaliação. Houve outros homicídios de advogados e empresários”, afirma Gomes. Para a PF, existe a suspeita da participação de políticos, porém, não há indícios e provas para citar nomes ou prender suspeitos.

O coronel da Polícia Militar e coordenador regional de policiamento, Plínio Sérgio Cavalcanti, ressaltou que as devidas providências serão tomadas sobre o caso. “Agora a PM vai adotar os procedimentos cabíveis à instituição, que são os processos administrativos para apurar a conduta dos policiais. Para nós da PM é triste essas prisões porque são integrantes da coorporação, mas por outro lado é importante pois afastamos da atividade esses indivíduos”, disse.

img_6004

Calvacanti também comenta sobre as motivações do crime. “A sociedade não pode tolerar esse tipo de conduta de se tirar a vida, fazer a higienização social. E segundo as investigações esse grupo vinha praticando esses homicídios por esses motivos”, ressaltou.

O procurador de justiça do Ministério Público do Estado de Rondônia, Cláudio Wolff Hager, falou sobre a atuação do MP na Operação. “A atuação do MP junto com a PF se deu a partir dos atentados às residências de promotores e juízes. Serão realizadas ainda a apuração das provas que foram coletadas e mais as instruções judiciais que vão acontecer a partir das denúncias”, relata.

+ sobre o tema

Hungria: universidade fecha centro acadêmico por por atitudes racistas e sexistas

Centro acadêmico da Universidade ELTE, de Budapeste, elaborou listas...

Carrefour indenizará empregada que tinha a bolsa revistada

A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve...

A incomoda imagem “branca” de Michael Jackson e o racismo

por Sérgio Martins O talento inquestionável do rei da música...

para lembrar

Pesquisa britânica revela dados sobre racismo na música: “Mulheres negras não podem tocar rock”

O racismo estrutural afeta todas as esferas da sociedade, inclusive a...

Polícia reabre caso sobre a morte de Tupac após confissão de suspeito

Duane Keith David, conhecido como Keefe D., afirmou ter...

Ivanir dos Santos: Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa: 14 anos de resistência

Precisamos fazer da história um suporte para as nossas...

Racismo na internet deve ser julgado onde investigação foi iniciada

A 3ª seção do STJ entendeu que a competência...
spot_imgspot_img

Mais amor, por favor

É preciso falar de amor. Não o amor romântico, mas o amor atitude, coisa que envolve "cuidado, compromisso, confiança, responsabilidade, respeito e conhecimento", como...

STF demora meia década para decidir o óbvio

O Supremo Tribunal Federal (STF) demorou meia década para deliberar sobre o óbvio. Parcialmente, falhou. Na quarta-feira, em decisão conjunta, os 11 ministros concluíram...

Polícia mata 1 jovem a cada 5 dias após governo de São Paulo flexibilizar uso de câmera

Uma pessoa de 10 a 19 anos morreu em ações policiais a cada cinco dias em São Paulo em 2024, mais que o dobro...
-+=