Um dos nomes mais ativos do movimento negro brasileiro, conhecido por sua proximidade com lideranças do PSDB, Hélio Santos afirma que, com Dilma Rousseff reeleita, “nós podemos aprofundar e melhorar as políticas de ação afirmativa iniciadas”; ele elogiou, no entanto, as políticas de ações afirmativas no estado de São Paulo: “O que a Dilma está falando do PRONATEC, as ETECs do governador Geraldo Alckmin já fazem”, disse
Hélio Santos, um dos nomes mais ativos do movimento negro brasileiro, conhecido por sua proximidade com lideranças do PSDB – em especial com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o ex-governador e atual senador eleito por S. Paulo José Serra – decidiu tomar partido nestas eleições e não votará com o candidato tucano Aécio Neves.
“Eu sou, em primeiro lugar, a questão racial. Depois sou a questão racial de novo. Para a população negra brasileira a reeleição de Dilma é o melhor. Nós podemos aprofundar e melhorar as políticas de ação afirmativa iniciadas”, afirmou Hélio Santos.
Em entrevista concedida à Afropress, por telefone, direto de Salvador, onde reside atualmente, Santos, no entanto, faz questão de lembrar quem foi que colocou o tema das ações afirmativas em pauta no Brasil. “Você sabe que quem colocou esse tema na agenda nacional, o tema das políticas públicas para a população negra, foi o PSDB. Mas, depois disso o partido se afastou. Como não sou mais tucano, vejo que a população está tendendo para a Dilma”, acrescenta.
Ele lembra sobre a candidatura Aécio Neves que “na cabeça de chapa tem um grupo que não falou da questão racial” [“O candidato não toca no assunto”], e recorda o posicionamento do candidato a vice-governador na chapa de Aécio, o senador Aloísio Nunes, o único voto contrário as cotas para negros no acesso às instituições de ensino médio e superior – a Lei 12.711/2012.
Hélio Santos, porém, faz uma ressalva para elogiar a posição do governador Geraldo Alckmin, em S. Paulo, Estado em que, conforme enfatiza, há políticas de ação afirmativas – “goste-se ou não delas, mas há”. “O que a Dilma está falando do PRONATEC, as ETECs do governador Geraldo Alckmin já fazem”, sublinha.
Segundo ele, a contradição é que Alckmin, relação a luta pela igualdade racial, tem políticas, o mesmo não acontecendo com muitos governadores do PT, como é o caso da Bahia, governada por Jacques Wagner.
Adesismo
Hélio Santos também faz ressalvas às manifestações de apoio de setores do movimento negro, inclusive na Bahia, aos candidatos, sem a cobrança de qualquer contrapartida em termos programáticos. “Nós somos os únicos que votamos de graça. Nós não exigimos de nenhuma chapa um acerto de aprofundamento das políticas. Enquanto que as empresas, os agricultores, os funcionários públicos, se aglutinam como categorias, nós, simplesmente, aderimos. Isso é muito ruim e os apoios mesmo no caso presente, podem se desvanecer se não tivermos propostas”, afirma.
“Eu preferia que após as eleições discutíssemos ações afirmativas no campo dos negócios. Nós não estamos cumprindo as metas de acesso as Universidades previstas na Lei, que é uma conquista. O que vamos fazer. Tudo isso precisa ser discutido para que seja possível novos avanços”, acrescentou.
Hélio Santos, por outro lado, ironiza a declaração do economista Armínio Fraga, indicado por Aécio, caso se eleja, para seu ministro da Fazenda, de que “vai arrumar a casa”; “O candidato a ministro se refere a Casa Grande. É essa que ele vai arrumar como ministro da Fazenda”, finalizou.
Além de representarem 50,7% da população, de acordo com o Censo do IBGE 2010 – 53,1% segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD 2013) do mesmo instituto – os negros correspondem a 55% do eleitorado com direito a voto neste domingo, segundo pesquisa coordenada pela socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia Galvão.
Fonte: 247