O CMEB (Centro de Memória da Educação Brasileira) do Iserj possui um grande acervo sobre a História do Iserj e História da Educação. Para publicizar esse acervo, periodicamente, a equipe do CMEB vai selecionar fotos e informações históricas interessantes a respeito do Instituto para publicarmos aqui no site.
Dessa vez, o enfoque é sobre o recorte que o professor Aderaldo Pereira dos Santos fez do acervo do CMEB, os professores negros da instituição. Vamos falar a respeito do professor Hemetério José dos Santos, o primeiro professor negro da então Escola Normal do Distrito Federal, que depois se tornou Instituto de Educação.
Hemetério José dos Santos (1858-1939) era gramático e filólogo, e foi professor da Escola Normal do Distrito Federal, do Colégio Pedro II e do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Recebeu em 1920 a patente de Tenente-Coronel Honorário do Exército Brasileiro.
– O Professor Hemetério José dos Santos foi uma figura histórica no combate ao racismo e em defesa da educação na época em que viveu. Daria, inclusive, um belo debate no Iserj, com a participação do NEP-Raízes e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro da FAETEC (NEAB), a respeito de sua importante presença no quadro docente da Escola Normal do Distrito Federal. Nós no CMEB temos o documento da investidura dele como professor da Escola e a referência ao nome dele na Ata da Congregação de Professores em 1912, além dos Programas de Ensino nos anos de 1899, 1912, 1913 e 1914. No livro História do Instituto de Educação (1954) do professor catedrático Alfredo Balthazar da Silveira, também consta a informação de que Hemetério foi professor da casa (p. 122). Sua passagem pelo Instituto é pouco trabalhada nas pesquisas, por isso queremos divulgar as fontes históricas a respeito dele aqui no Instituto, para estimular os pesquisadores.
O professor Aderaldo conta que, à época, Hemetério era uma figura proeminente, se relacionava com pessoas da elite brasileira e aparecia nos jornais. E que, juntamente ao professor Manuel Bonfim, tinha ideias e iniciativas progressistas, como a criação de uma Escola Normal Livre:
– O pensamento desses professores destoava da elite da época, eram pessoas que traziam a visão de que a educação tinha que chegar até a população pobre, por isso idealizaram essa Escola Normal Livre. A própria ideia de um curso normal à noite na Escola Normal do Distrito Federal já tinha esse propósito, tanto que, aqui, Hemetério foi professor do noturno, e quem vinha à noite estudar não eram os jovens da elite.
O professor e pesquisador Aderaldo Pereira dos Santos também destaca outros professores negros que passaram pelo Iserj: Corrégio de Castro, Athos Aramis de Matos e Lelia Gonzalez.
Outras fontes:
Blog do CEMI (Centro de Memória Institucional do Iserj), clique aqui
Museu Afro digital, clique aqui
Negro, intelectual e professor: Hemetério José dos Santos e as questões raciais de seu tempo (1875 – 1920), de Luara dos Santos Silva, in Saberes e práticas científicas, clique aqui
SILVEIRA, Alfredo Balthazar da. História do Instituto de Educação. Rio de Janeiro: Secretaria Geral de Cultura, 1954.