Homem humilhado por professora da PUC é advogado

O homem ironizado por uma professora nas redes sociais, pelo fato de ter vestido camiseta regata e bermuda no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, disse que, ao ver sua foto circular na internet, pensou que fosse uma montagem ou “gozação” de amigos. Na publicação, o advogado mineiro Marcelo Santos era retratado ao lado da pergunta: “Rodoviária ou aeroporto?”

O comentário feito pela professora Rosa Marina Meyer, docente do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e diretora da Coordenação Central de Cooperação Internacional da universidade, chegou até a página do Facebook da personagem “Dilma Bolada”, na qual foram feitos quase 11.300 compartilhamentos entre quinta-feira (6) e a manhã desta segunda (10).

Para os internautas, o post da educadora foi preconceituoso. Na própria quinta-feira, ela divulgou um pedido de desculpas na web.

Professora da PUC Rosa Marina Meyer (dir.) publicou foto de Marcelo Santos (esq.) debochando de seus trajes e reclamando da invasão de pobres em aeroportos. Não sabia ela que Marcelo é dono de um renomado escritório de advocacia.

“Sabedora do desconforto que posso ter criado com um post meu publicado ontem (quarta-feira) à noite, peço desculpas à pessoa retratada e a todos os que porventura tenham se sentido atingidos ou ofendidos pelo meu comentário. Absolutamente não foi essa a minha intenção.”
Na ocasião da foto, o advogado voltava de uma viagem internacional de cruzeiro que teve o Rio de Janeirocomo destino final. Ele passou o dia passeando pela cidade, quando tirou uma foto com a estátua de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, na Zona Sul, pouco antes de ir ao aeroporto e embarcar em um voo para Minas Gerais.

“Eu estava em uma reunião, e uma advogada que trabalha comigo veio dizer que tinha uma foto minha circulando na internet. Inicialmente, achei que fosse montagem, ‘gozação’ dos meus amigos que tinham viajado comigo. Quando percebi, fiquei indignado ao perceber que eram pessoas da [área de] educação conversando entre si. Na página da Dilma Bolada, vi que o pessoal estava todo do meu lado, contra aquela postura preconceituosa dela [professora], e vi que aquilo tomaria proporções enormes. Minha família não gostou nada disso, a noite foi muito difícil para dormir, não só em relação à minha situação, mas é decepcionante ver que pessoas ligadas à nossa educação têm essa postura em relação ao cidadão”, afirmou.

Marcelo disse que já localizou a professora e todas as pessoas que comentaram a publicação dela com falas preconceituosas. O advogado diz que, se pudesse dar um recado a ela, pediria que revisse seus conceitos.

“Como educadora, ela está dando péssimo exemplo de cidadania e profissão. Pelo que eu estou vendo, o pessoal está indignado não só pelo Marcelo [ele está falando de si na terceira pessoa], mas todo mundo se sente essa pessoa naquela situação. Ela não ofendeu o Marcelo em si, mas quem estava no aeroporto, como se fosse impossível. Ela simplesmente criticou o traje da pessoa, e sabemos que no Brasil todo mundo está sujeito a usar isso. Estou muito indignado pela situação, foi ridículo. Estamos tomando as providencias no escritório e temos os dados de todos [envolvidos na polêmica]”, apontou.

Desabafo nas redes
Em seu perfil no Facebook, Marcelo escreveu um texto de desabafo. “Boa tarde. Gostaria de agradecer as mensagens calorosas dos amigos, neste momento. Na oportunidade, informo que estava chegando de viagem de um cruzeiro internacional e tinha conhecimento do calor que estava no Rio de Janeiro, ocasião em que estava com trajes casuais. Ademais, por estar de férias, no Rio de Janeiro, não tinha por que estar usando terno e gravata apenas para usar um meio de transporte. Informo, também, que os comentários infelizes das pessoas na página do Facebook já estão sendo alvo de análise pelos meus colegas do escritório e, certamente, serão tomadas as medidas legais. É lamentável perceber que isso partiu de pessoas ligadas à educação de nosso país. Com efeito, apenas vem descortinar o preconceito existente por muitas pessoas que se julgam melhores apenas por questão de aparência.”

Uma página criada na rede social, na sexta-feira (7), ironizou a atitude da educadora. A descrição do perfil diz: “A professora da PUC-RJ que odeia viajar de avião com quem usa regata, bermuda e tem cara pobre, pois pra viajar com ela, é preciso ter glamour”.

Lívia Torres, G1

 

 

Fonte: Africas

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