Homofobia e violência no Sukiya

Jovem foi intimidado e agredido por garçom do restaurante na rua Augusta depois de dar um selinho em seu namorado

Por Ivan Longo

Uma das ruas mais procuradas pelo público LGBT em São Paulo foi palco, no último sábado (2) de um episódio de ódio, intolerância e homofobia. O caso aconteceu dentro de um restaurante japonês, o Sukiya, e teve como protagonistas o garçom e o segurança do estabelecimento.

O jovem Gabriel Cruz postou no seu Facebook um relato do que aconteceu naquela noite, quando ele e o namorado foram intimidados e, em seguida, agredidos por funcionários do restaurante. O casal registrou um Boletim de Ocorrência contra o agressor e pretende, agora, requerer a abertura de um inquérito.

De acordo com Gabriel, ele havia terminado de jantar com o namorado quando seu companheiro decidiu ir ao banheiro e lhe deu um selinho de “até logo”. Logo em seguida, dois homens (um garçom e um segurança) teriam o abordado com palavras intimidatórias, dizendo que o local é “um restaurante de família” e que “temos que prezar pelo respeito nesse ambiente”, alegando que havia uma criança na mesa ao lado e que por isso teriam que procurar outro lugar para fazer “aquilo”.

Ciente de seus direitos, Gabriel não quis deixar a história passar e, assim que o namorado voltou do banheiro, o contou o ocorrido e decidiu perguntar à família da mesa ao lado – a que o garçom havia se referido – se eles se incomodavam com a postura do casal.

“O pai disse que de maneira nenhuma, que ele não se incomodou em nada. As crianças, supostas vítimas do imensurável indecoro, continuavam comendo suas refeições, indiferentes a quaisquer uns que viessem a se beijar no campo de visão deles. Meu namorado e eu nos beijamos de novo”, contou o jovem em seu relato.

O garçom então, de forma violenta, separou o casal e começou a desferir socos contra o namorado de Gabriel. O pai da mesa ao lado – o que supostamente estaria incomodado com a postura do casal – tentou, inclusive, conter o garçom para apartar a agressão.

Gabriel, então, chamou a polícia e, antes da viatura chegar, ainda ouviu do segurança: “Você vai querer falar de preconceito aqui? Eu vou quebrar a sua cara”. “Quer que eu tire mais sangue de você?”, disse ao namorado do jovem.

Na delegacia, o casal se deparou com ainda mais dificuldades para lidar com o ocorrido. Segundo Gabriel, policiais e escrivão tentavam insistentemente os dissuadir da ideia de requerer um inquérito. “É mais fácil vocês chegarem a um acordo com o cara, tem dois flagrantes na frente e vocês só vão sair daqui amanhã a noite. Então é mais fácil vocês fazerem um acordo e voltarem pra curtir a noite, ainda da tempo….”, teriam dito.

Depois de mais de 5 horas de espera, o casal conseguiu registrar o Boletim de Ocorrência contra o garçom.

A rede de restaurantes Sukiya, por sua vez, não se manifestou ainda oficialmente sobre o caso. À reportagem do SPressoSP, a assessoria de imprensa da empresa afirmou que ainda está apurando o caso para tomar as medidas cabíveis, mas que “não é do feitio da rede esse tipo de atitude”. Alegando, inclusive, que o restaurante tem em seu quadro colaboradores homossexuais.

Em repúdio à atitude do garçom, um evento chamado “Sukiya, engula sua homofobia!” foi marcado para acontecer nesta quinta-feira (7) no próprio estabelecimento. Homossexuais pretendem realizar um “beijaço” para “mostrar que não há espaço para discriminação contra LGBT”.

Confira o relato de Gabriel, na íntegra, aqui.

Fonte:Spresso Sp

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