IBM Brasil fecha as portas para o preconceito LGBT

“Somos todos diferentes. Por isso somos especiais.” 

por Mariana Lemos TI+simples

Foi com esta mensagem que foram recebidos os participantes da 9ª reunião do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, que desta vez aconteceu na sede da IBM Brasil, nesta segunda-feira, em São Paulo. Não me foi estranho saber que a Big Blue se orgulha em promover ações em prol dos diretos de gays, lésbicas, bisexuais e transexuais, mas confesso que sorri por dentro ao ver o porte do evento e o nível das discussões.

Me sentei na última fileira de cadeiras. De lá consegui ver um auditório lotado com funcionários IBM e de empresas como GE, Einsten, Google, Dow Química, Câmara de Comércio LGBT, Carrefour e Citibank, entre tantas outras. Coloquei no peito o bottom da campanha #zerodiscriminação, da Unaids, que ganhei na porta e ouvi a Adriana Ferreira, líder de Diversidade e Inclusão da IBM Brasil, falar que apenas em 2015, 321 funcionários da empresa participaram de 14 sessões de discussões sobre a cultura LGBT.

Ao longo do circuito de palestras e discussões, uma longa e forte salva de palmas (de pé, diga-se de passagem) para as recentes publicidades da marca O Boticário e Quem Disse, Berenice?, que demonstraram em rede nacional seu apoio a toda forma de amor. A IBM também reforçou suas políticas de diversidade, traduzidas nos 10 compromissos da empresa com a promoção dos diretos LGBT, recorrentemente comunicadas para todos os colaboradores da companhia.

No palco, grandes profissionais. Entre eles, Lucas Rossi, repórter da Revista Exame, que falou sobre o desafio de escrever a matéria,”Chefe, sou gay”, capa de uma das edições deste ano. Os executivos Ricardo Yuki – Superintendente da Área de Risco do City no Brasil – e Sérgio Giacomo – Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da GE, que participaram da matéria como fontes, contaram suas impressões pós-publicação. “Muitos acreditam que defendendo diretos LGBT estamos privando direitos de outros, mas o que precisamos entender é que defendemos apenas a igualdade dos direitos humanos”, completou.

Também tive o prazer de entrevistar dois funcionários da comunidade LGBT da IBM para entender um pouco sobre o impacto da cultura da diversidade em suas rotinas. Vejam só.

Paulo Nassar, diretor-presidente da ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), apresentou  no encontro sua teoria de que  “a comunicação empresarial será mais gay, mestiça e feminina”. Lianne Nunes, funcionária transexual da IBM, foi entrevistada em um dos painéis. Ela contou sua luta para assumir no trabalho a mudança de sexo e agradeceu à Big Blue por todo o apoio, num bate-papo emocionante.

De acordo com a Consultoria Santo Caos, também presente, 16 milhões de brasileiros fazem parte da comunidade LGBT no Brasil. São 60 mil casais gays com união estável no País. A empresa conduziu uma pesquisa com funcionários de companhias brasileiras e descobriu que 40% dos entrevistados já sofreram discriminação direta no trabalho. Ainda segundo a consultoria, uma pesquisa realizada no Reino Unido revelou que empresas com cultura de diversidade sexual possuem 15% mais chance de superar suas metas.

O repórter da Exame falou para a plateia sobre a importância de abrir o diálogo LGBT nas empresas. A líder de Diversidade da IBM, Adriana Ferreira, contou que a grande preocupação da companhia é o preconceito velado, não só com pessoas LGBT, mas contra negros e obesos. Entre tantas discussões, polêmicas ou não, online ou offline, saí com a impressão de que falar é, sim, muito importante, mas fazer algo a respeito, ah, isso é louvável.

+ sobre o tema

Mãe aparece e depõe sobre PM que ‘negociou’ sexo com filhas de 6 e 14 anos

Mãe aparece, depõe sobre PM que 'negociou' sexo com...

As 14 mulheres mais cruéis da história

Condessa se banhou em sangue de virgens, nazista usava...

Criola seleciona nanoinfluenciadoras para contar histórias de mulheres negras

Criola, organização da sociedade civil com mais de 30...

Quem é Linda Martell, citada em “Cowboy Carter”, novo álbum de Beyoncé?

O esperado novo álbum de Beyoncé contém uma música que leva...

para lembrar

Contra a violência, lésbicas e bissexuais realizam ato em SP

Marcha que ocorre neste sábado (3) percorrerá da rua Augusta ao...

Onde está a força das mulheres?

Diversas vezes faço questão de me fazer certas perguntas...

Breve roteiro de leitura para pessoas interessadas em estudos queer

O roteiro abaixo foi feito para quem deseja se...

Juíza negra assume secretaria do CNJ e luta para não ser exceção

A cadeira da magistrada Adriana Cruz, 53, na 5ª...
spot_imgspot_img

Luta das mulheres voltou a pautar as ruas em 2024 e acendeu alerta para o retrocesso

A luta pelos direitos das mulheres no ano de 2024, que começou de maneira relativamente positiva para a luta das mulheres, foi marcada por...

Apenas cinco mulheres se tornaram presidentes nas eleições deste ano no mundo BR

A presença feminina nos mais altos níveis de liderança política permaneceu extremamente baixa em 2024. Apenas cinco mulheres foram eleitas como chefes de Estado...

Cidadania para a população afro-brasileira

"Eu gostaria que resgatassem um projeto desse sujeito extraordinário que foi Kwame Nkrumah, panafricanista, de oferecer nacionalidade de países africanos para toda a diáspora",...
-+=