A Índia lançou um ambicioso plano para o pagamento em dinheiro de subsídios aos mais pobres em 20 distritos, segundo as autoridades.
O ministro das Finanças, P. Chidambaram, disse que o esquema beneficiará mais de 200 mil pessoas inicialmente, e que cobrirá todo o país até o final de 2013.
As autoridades afirmam que a iniciativa, que se assemelha ao Bolsa Família brasileiro, vai trazer os cidadãos mais pobres do país “para o palco principal”.
Mas os partidos da oposição acusaram o governo de “subornar os eleitores” antes das eleições gerais de 2014.
O governo planeja desembolsar 3,2 triilhões de rúpias (ou cerca de R$ 120 bilhões), sob o esquema de Transferência Direta de Benefício (DBT, na sigla em inglês).
O esquema significa para os beneficiários dos 29 programas de bem-estar no país – principalmente relacionados a bolsas de estudo – a transferência de valores para contas bancárias ligadas a seus números de identificação únicos em 20 distritos a partir de janeiro.
O programa será estendido para outros 11 distritos a partir de 1º de fevereiro e mais 12 distritos a partir de 1º de março.
‘Divisor de águas’
“Este é realmente um divisor de águas na maneira com que nós governamos”, Chidambaram disse a jornalistas na segunda-feira, um dia antes do lançamento do programa.
“Esta é uma mudança de jogo. Ele é um divisor de águas na maneira em que o benefício atinge o beneficiário, sem qualquer intermediação por qualquer ser humano”, acrescentou.
O ministro das Finanças disse que, nesta fase, o regime não iria cobrir subsídios para alimentos, fertilizantes, diesel e querosene, porque o governo ainda opera com um “grande grau de cautela”.
“Vamos olhar para a transferência de todos os subsídios e benefícios através deste esquema, mas temos que fazê-lo lentamente. Nós não vamos apressar em nada e depois descobrir que o sistema não consegue lidar com isso”, disse ele.
Sob o esquema, os que vivem abaixo da linha da pobreza receberão entre 30 mil rúpias (cerca de R$ 1.200) e 40.000 rúpias (R$ 1.500) por ano, em vez de cerca de dezenas de programas de bem-estar, incluindo bolsas e pensões.
Funcionários dizem que a iniciativa vai reduzir o desperdício de dinheiro, garantindo que o bem-estar chegue àqueles que mais necessitam.
Analistas, no entanto, dizem que a aplicação do regime pode não ser fácil como apenas 222 milhões de pessoas na Índia matriculadas até agora em um esquema de identidade biométrica. E também porque as famílias mais pobres não têm contas bancárias e muitas aldeias não têm um banco.
As autoridades indianas dizem que cerca de 360 milhões de pessoas atualmente vivem na pobreza. Mas uma estimativa sugere cerca de três quartos de 1,21 bilhão de indianos vivem abaixo da linha da pobreza.
Fonte: BBC