Itaú Cultural Play exibe destaques das mais recentes edições do Festival Visões Periféricas

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Em seleção feita especialmente pelos curadores do festival para a plataforma gratuita de cinema brasileiro, a programação reúne sete produções que refletem uma diversidade de olhares de cineastas que vivenciam o cotidiano e a cultura das quebradas do Brasil – dos estereótipos atribuídos aos povos originários e os desafios dos jovens nas favelas até a violência policial, a complexidade da vida trans nas comunidades e as descobertas sobre a sexualidade em um ambiente machista

A partir de 25 de novembro, sexta-feira, a Itaú Cultural Play inclui em seu catálogo produções realizadas nas periferias do Brasil e que ganharam destaque nas mais recentes edições do Festival Visões Periféricas. Primeiro do país totalmente dedicado a dar visibilidade a filmes que representam as periferias, o evento está em sua 16ª edição e é reconhecido por incentivar a difusão audiovisual, promover a formação e a inserção de jovens periféricos no circuito nacional de festivais de cinema e a difundir essas produções por todo o território brasileiro. 


Os sete filmes a serem exibidos nessa mostra desafiam rótulos e fronteiras preconcebidas nas regiões marginalizadas do país, em uma seleção feita especialmente para a Itaú Cultural Play pela curadoria do festival.  Com mais de 500 títulos de todas as regiões do Brasil, a plataforma pode ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br ou pelo App nos dispositivos móveis Android e IOS. 

Periferia em evidência 

Com direção de Íris Alves Lacerda, o curta Majur (2018) contesta, de maneira sóbria, os estereótipos sobre os povos originários. O documentário mostra o cotidiano da personagem principal, uma indígena transexual que dá nome ao filme, na aldeia Pobore, no Mato Grosso. Consciente de sua identidade e papel na preservação da cultura a que pertence, ela é lidera aa comunicação entre os moradores locais. O filme evidencia o preconceito criado pelos brancos sobre as tradições dos povos indígenas e as lutas identitárias dos seus povos. 

Eu temo que não amanheça (2021) é uma jornada pessoal do jovem diretor Cainã Siqueira, que mergulha na história de sua família, buscando suas raízes negras. Dúvidas e questionamentos sobre o racismo no Brasil, no filme,  revelam um processo perverso de apagamento da memória e de tentativa de embranquecimento do corpo negro. Fotos de familiares, depoimentos de parentes e reflexões do próprio realizador se entrelaçam com um levantamento histórico sobre o racismo e sua institucionalização no Brasil do século XX. 

Documentário sobre invisibilidade, negritude e identidade, Black out (2016) mostra a realidade de moradores do Quilombo de Conceição das Crioulas, no sertão pernambucano, em um momento em que estão sem luz elétrica por conta das chuvas. Enquanto lidam com a situação de forma comunitária, assistem a um filme, transmitido por um notebook e alimentado por um gerador. Depois refletem sobre como a cultura quilombola é vista e representada pela sociedade. O filme é uma produção coletiva de jovens do Recife e da comunidade quilombola –  Adalmir José da SIlva, Felipe Peres Calheiros, Francisco Mendes, Jocicleide Valdeci de Oliveira, Jocilene Valdeci de Oliveira, Martinho Mendes, Paulo Sano, Sérgio Santos. 

Dirigido por de José Marques de Carvalho Jr., o documentário O sonho do inútil retrata as dificuldades e desafios de jovens da periferia de uma grande cidade. Produzido a partir de imagens do acervo do diretor, o filme mostra um grupo de amigos que gravam vídeos amadores de humor para a internet. Misturando referências diversas, de Buster Keaton à série televisiva Jackass, eles tentam se projetar para fora do bairro pobre e violento ondem moram, na zona norte do Rio de Janeiro. A produção recebeu menção honrosa da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.  

No documentário Nova Iorque, mais uma cidade (2019), os realizadores André Lopes e Joana Brandão mostram os impactos e reflexões que surgem após a viagem da cineasta e líder indígena Patrícia Ferreira, do povo Guarani Mbya, aos Estados Unidos. O filme capta o simbólico passeio dela pelo gigantesco Museu Americano de História Natural, onde estão expostos artefatos e indumentárias de povos originários da América Latina. Convidada para falar sobre seu trabalho no Mead Documentary Filme Festival de Nova Iorque, inicia-se um embate entre a lógica ocidental das instituições e as culturas indígenas. 

Maria, dirigido por Elen Linth e Riane Nascimento em 2017, dá voz para uma estudante de pedagogia, travesti, de 19 anos. Apesar de gostar das pessoas e da cidade onde mora, ela se sente ignorada e caminha com os olhos baixos. Em um retrato da complexidade da vivência trans no Brasil, Maria declama versos, elabora sua experiência e dialoga diretamente com o espectador. 

Pele suja minha carne (2017) é um pequeno contosobre a descoberta de um jovem sobre a sua sexualidade. Com direção de Bruno Ribeiro, o filme conta a história de João. Ele é um adolescente negro, mora com a mãe e convive com amigos brancos na escola. 

Entre jogos de futebol e videogame, o garoto passa a ter um afeto especial por um dos seus colegas. A partir daí, toma uma decisão arriscada que segue o seu coração.

A mostra é completada com Sem Asas (2019), que já está disponível na plataforma e recebeu mais de 30 premiações em festivais nacionais, entre eles o de Melhor Curta-Metragem Ficção pela edição de 2020 do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Dirigido por Renata Martins, o filme mostra os perigos que a população negra da periferia enfrenta em seu cotidiano. Ele retrata os desafios constantes para serem ultrapassados nas famílias, a transição da infância para uma maturidade forçada, o racismo e a truculência policial. A narrativa inicia com um jovem estudando para uma prova, enquanto o seu pai começa a trabalhar em um novo emprego e a mãe faz coxinhas para vender fora. Um dia, ela pede para o filho ir comprar farinha de trigo, mas o simples ato de sair para buscar o ingrediente no mercado ocasiona um grande conflito impactando a realidade de todos.  

Frame Black Out (Foto: Itaú Cultural Play)

SERVIÇO:  

Itaú Cultural Play 

A partir de 25 de novembro, sexta-feira
Em www.itauculturalplay.com.br  

FESTIVAL VISÕES PERIFÉRICAS 

Majur (2018)

De Íris Alves Lacerda 

Duração: 18 min 

Classificação indicativa: Livre 

Eu temo que não amanheça (2021)

De Cainã Siqueira 

Duração: 12 minutos 

Classificação indicativa: 10 anos (drogas lícitas, medo e violência) 

Black out (2016)

Direção coletiva 

Duração: 16 minutos 

Classificação indicativa: Livre 

O sonho do inútil (2021)

De José Marques de Carvalho Jr 

Duração: 72 minutos 

Classificação indicativa: 14 anos (linguagem imprópria, violência e drogas lícitas) 

Nova Iorque, mais uma cidade (2019)

De André Lopes e Joana Brandão 

Duração: 18 minutos 

Classificação indicativa: 10 anos (nudez, medo e violência) 

Maria (2017)

De Elen Linth e Riane Nascimento 

Duração: 17 minutos 

Classificação indicativa: 12 anos (linguagem chula, drogas lícitas e tensão) 

Pele suja minha carne (2017)

De Bruno Ribeiro 

Duração: 14 minutos 

Classificação indicativa: 12 anos (violência, linguagem imprópria e medo) 

Sem Asas (2019)

De Renata Martins  

Duração: 18 minutos 

Classificação indicativa: 12 anos (medo e violência) 

Itaú Cultural   

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