No início deste ano assumi a vice-presidência do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), onde organizo e coordeno desde 2016, os eventos sobre a Década Internacional de Afrodescendentes. A Década foi criada em Assembleia Geral pela ONU (Organização das Nações Unidas) que proclamou o período entre 2015 e 2024 como a Década Internacional de Afrodescendentes (resolução 68/237), com o objetivo de garantir os seus direitos civis, econômicos e políticos, bem como sua participação igualitária em todos os aspectos da sociedade. Aliás, no I Encontro da Década, cujo tema foi Cultura Negra em São Paulo: Histórias e Resistências, tivemos a honra de contar com a presença da Suelaine Carneiro, coordenadora do Programa de Educação do Geledès, que nos apresentou uma brilhante palestra sob re os principais objetivos da Década de Afrodescendentes.
É neste contexto que nos deparamos com as notícias estarrecedoras que chegam da Comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Não está prevista na Constituição Federal a pena de execução sumária. Os relatos das testemunhas e as imagens que começam a circular são inqualificáveis e revelam que muitas abordagens não tinham como objetivo prender os supostos criminosos, mas eliminá-los. Até o momento são 28 mortos! Esperamos que a justiça prevaleça e que todas as organizações da sociedade civil se mobilizem e se solidarizem com esta população majoritariamente preta, pobre, abandonada pelo poder público, mas que tem os mesmos direitos previstos na Constituição de 1988, que deve alcançar todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação.