Jean Wyllys: Feliciano só quer os holofotes – Por Rafael Zanvettor

Deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) comenta as ações de Marco Feliciano

O presidente da Comissão de Minorias e Direitos Humanos, pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP), irá levar à votação um projeto que abre possibilidade para que a homosexualidade seja tratada como doença na próxima quarta-feira (8). Militante do movimento LGBT, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) falou com a Caros Amigos sobre o caso, que considera mais uma jogada do pastor para receber os holofotes da mídia e colocar o discurso homofóbico em evidência.

Comissão sem legitimidade

Segundo o deputado, “dá preguiça de comentar esse caso porque ele coloca o Feliciano de volta nos holofotes”. Para Wyllys, a insistência dos meios de comunicação em falarem sobre o deputado do PSC ajuda a promover a imagem do pastor, pois a sua comissão “é uma comissão desligitimada junto às entidades de direitos humanos, movimentos sociais, até naquela casa (o Congresso), ninguém leva a sério a Comissão como ela está. A Comissão é tomada por uma maioria de fundamentalistas religiosos”.

Para o deputado este é um projeto colocado especificamente para chamar a atenção, mas que em si não tem força para se tornar realidade da Câmara: “Este projeto da ‘cura Gay’ seria aprovado de qualquer forma, não tem porque temer a colocação dessa pauta, é um projeto feito por eles para eles mesmos. Eles têm maioria na Comissão, inclusive maioria de quórum, eles podem aprovar o que quiserem”.

Wyllys também comentou a existência de um outro projeto na pauta da reunião, que proporia tornar crime o preconceito contra heterosexuais. “Quem pode levar a sério um projeto que criminaliza a heterofobia? Seria como criar um projeto que criminaliza o racismo contra os brancos!”, compara o deputado.

Ao falar sobre o futuro desse projeto, Jean Wyllys afirmou que ele “vai ser aprovado, mas de lá (da Comissão) esse projeto não vai pra lugar nenhum”, ao se referir às outras duas comissõs pelo qual ele teria de passar. O deputado acredita que a escolha dos projetos fazem parte de uma tática da Comissão para colocar em evidência os discursos homofóbicos: “Há muitos outros projetos para serem aprovados pela CMDH, ele colocou esse projeto lá porque ele traria o holofote de volta para ele que é o que ele quer. É o País da piada pronta, um lugar onde o presidente da CMDH é um pastor racista e homofóbico que usa esse tipo discurso abjeto. Agora, o PT, o PMDB têm responsabilidade na formação dessa Comissão porque cederam vagas para que o PSC a ocupasse.”

Fundamentalismo Religioso

O deputado federal comentou também que a irresponsabilidade dos discursos fundamentalistas religiosos proferidos pelos membros da CDHM, contribuíriam para a disseminação da homofobia: “Aquela Comissão serve de púlpito para um discurso homofóbico e fundamentalista, são irresponsáveis que comandam aquela Comissão. Na terça-feira (30/4), por exemplo, um jovem homosexual foi atropelado por uma van três vezes, simplesmente por ser homosexual. A irresponsabilidade desses deputados matam pessoas todos os dias.”

Pscicologia

No tocande à falta de fundamentação científica do projeto, ele afirmou também que não há respaldo da comunidade de pisicólogos que contribua para a aprovação do projeto. Segundo ele nunca se tratou a homosexualidade como um problema patológico: “Não importa que a maioria das pessoas se expressem heterosexualmente, não há ninguém, nenhum autor, nenhum estudioso de psicologia que legitime e justifique oferecer esse tratamento psicológico (de “cura” para a homosexualidade). A homosexualidade não pode ser tratada como uma doença”.

Novos Caminhos

Agora, para o deputado, é necessário mudar de estratégia, não se deve mais tentar tirar o Feliciano da Comissão, mas criar caminhos e espaços alternativos, tanto na Câmara como fora dela. “Nós não vamos mais tentar tirar o Feliciano de lá, o caminho é pensar em outas alternativas, a ação do movimento, como a Comissão Extraordinária de Direitos Humanos, a Frente Parlamentar e espaços legislativos alternativos, como a Subcomissão de Cultura, Direitos Humanos e Minorias”. Nesses espaços o deputado espera que se possam discutir pautas urgentes que não serão discutidas na CDHM.

Por Rafael Zanvettor

 

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Fonte: Caros Amigos

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