Jô, do Corinthians, divide capa de revista com esposa e filhos e fala sobre racismo: “É triste”

Enviado por / FonteGlobo Esporte

O atacante Jô, do Corinthians, foi capa da edição de julho da revista “Raça”. Ele deu entrevista ao lado da mulher Claudia Silva e dos filhos Pedro e Miguel, de cinco e dois anos, respectivamente.

Um dos temas da entrevista foi o racismo. O camisa 7 do Timão disse que presenciou situações que lhe causaram muita revolta, principalmente na Rússia. Ele atuou pelo CSKA de 2006 a 2008.

– Na Rússia tende a ter preconceito racial. Eu joguei contra um time em que até hoje não é bem visto um negro no time. Agora tem o Malcom (no Zenit), que foi muito rejeitado pela torcida (…) Eu e Vagner Love éramos do mesmo time (CSKA) e quando a gente entrava para aquecer, jogavam casca de banana – lembrou.

– Outro jogador, Welington, de outro time, nunca foi aceito. No último ano dele, a torcida colocou uma faixa no estádio, escrita “vai embora, seu macaco, seu lugar não é aqui”. Ele jogou quatro anos no mesmo time. Eu fiquei três anos. Quando a gente chega lá, já sabemos dessas histórias, mas constatar é bem pesado. Ficava pensando: pra que aquilo? A gente relevava, mas é triste – disse.

Jô, sua esposa e seus filhos na capa da revista Raça Brasil — Foto: Reprodução/Capa Revista Raça

Na entrevista, Jô fala também sobre a sua relação com a esposa. Ele acredita ser um dos poucos jogadores negros de destaque que se casou com uma mulher também negra.

– Sou um dos poucos jogadores de futebol a formar uma família preta. E isso é algo que sempre é citado por meus fãs e seguidores nas redes sociais. Que eu conheça, aqui no Brasil, somente eu e o Cortez, do Grêmio, somos casados com uma preta. Tinha o Ramirez, do Palmeiras, mas separou.

A matéria traz relatos de Jô e Claudia sobre a importância da religião na vida deles, sobre como ela superou relações extraconjugais do atacante e mostra que a família não se adaptou à vida no Japão, onde ele defendeu o Nagoya Grampus entre 2018 e a metade de 2020.

– Morei em cinco países antes do Japão e achei que era só mais um, que tiraria de letra, mas não foi… Uma cultura oposta à nossa, foi muito difícil entender como viver num país onde as pessoas são muito frias e fechadas pelo fato deles serem oprimidos por perder a guerra para os Estados Unidos, eles não têm o entusiasmo e a alegria que o nosso povo tem. Você chega num lugar e eles estão sempre desconfiados. Acostumamos, passamos dificuldades no idioma, ninguém falava inglês, muito difícil (…) O lado bom: segurança impecável, higienização fora do normal, organização, muita coisa diferente.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...