Jogador do Caxias é vítima de racismo em semifinal do primeiro turno do Gauchão

São Luiz e Caxias protagonizaram um grande jogo, sábado, em Ijuí, com bela vitória dos donos da casa por 2 a 1 na semifinal da Taça Piratini. Só que ficou uma mancha na classificação inédita do São Luiz à final. Não do clube ou da cidade, mas de um torcedor. Assim como já ocorreu nos estádios de Caxias do Sul e Porto Alegre em outros Gauchões, agora o ato de racismo surgiu no 19 de Outubro. A vítima foi o atacante Zambi, um dos destaques do primeiro turno do Estadual.

 
— Me chamaram de macaco mais de uma vez. Eu olhei para a torcida e disse que não precisava disso porque no time deles também tinha jogadores negros. Eu tenho orgulho de ser negro. Foi um fato lamentável  em meio a uma festa bonita e de um jogo bem jogado — discursou Zambi, chateado pela situação. 

O fato ocorreu no segundo tempo, nas arquibancadas que ficam do lado oposto das sociais, e coincidiu com a queda de produtividade do atacante. Natural de Itaperuna (RJ), Zambi fez questão de dizer que nunca ouviu coisa parecida no Rio de Janeiro nos tempos de Nova Iguaçu, Volta Redonda, Americano, Friburguense e Macaé:

— Joguei em vários lugares e nunca aconteceu isso comigo. Nós somos todos iguais, independentemente de cor ou religião. Isso tem de servir de aprendizado para eles porque outros times vão jogar aqui com pessoas da minha cor. No time deles tem pessoas negras. O que eles são diferentes de mim? 

Como não foi possível identificar o torcedor racista, o jogador de 25 anos não prestou queixas na polícia. O árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima chegou a paralisar o jogo por uns dois ou três minutos.

 
— O Jean Pierre veio falar comigo, me apoiou, foi na mesa da Federação. Mas ele falou que não poderia fazer nada porque foi um ato isolado e que iria relatar na súmula. Ele foi atencioso e coerente, quero até dar os parabéns para ele —elogiou o atacante. 

Após a partida, o árbitro falou sobre o caso, explicou como tudo aconteceu e disse que já passou por essa situação em outro jogo:

— O Zambi veio até mim e relatou o fato, disse que estavam ofendendo ele. Perguntei pelo rádio se alguém da arbitragem tinha escutado alguma coisa, principalmente o assistente que estava daquele lado. Mas o assistente não pôde me confirmar nada. Não consegui identificar o torcedor, só pedi para uma pessoa do clube que tomasse alguma providência. Em outro fato ocorrido no passado, eu consegui identificar o torcedor e relatei tudo. Se eu tivesse visto agora, faria a mesma coisa. 

Na súmula, Jean Pierre revelou que não vai ignorar o fato.

— Vou colocar que foi uma conduta regular da torcida, mas que em determinado momento ela ofendeu o atleta, tudo de acordo com a informação que ele próprio passou para mim.

 

Fonte: Pioneiro

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