Zambi desabafa após ser chamado de macaco em insultos racistas: ‘Há negros no time deles’

Atacante do Caxias revela apoio do pai após ser alvo de insultos por parte de torcedores do São Luiz: ‘Só falam com você quando está incomodando’

Foi em tom de revolta que o atacante Zambi, do Caxias, condenou os insultos racistas direcionados a ele no último sábado, em partida contra o São Luiz, pelas semifinais do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Alvo da torcida adversária, que o comparou a um símio, o jogador afirmou não compreender como o preconceito ainda pode existir no futebol e lembrou que atletas do time rival também são negros.
– Foi antes de eu receber uma bola na lateral. Eles gritaram “Vai macaco”. Depois, driblei um volante deles, que é negro, e eles disseram “Sai daí macaco” quando eu caí. Nada a ver isso aí. Têm pessoas negras no time deles também, qual a diferença minha para eles? Se eles tivessem no time ao contrário, o que ia acontecer? A mesma coisa – disse ao “SporTV News”.

Além do racismo, Zambi teve de digerir a derrota do Caxias por 2 a 1 para o São Luiz. O árbitro da partida, Jean Pierre Lima, chegou a interromper o jogo no segundo tempo devido ao episódio e relatou na súmula que o jogador reclamou dos insultos. No Gauchão passado, outro atleta do Caxias passou por episódio semelhante. O centroavante Vanderlei também foi alvo de ofensas racistas diante do Novo Hamburgo.

– Não tem espaço mais para isso. Os negros conseguiram os seus direitos, e não passamos por cima de ninguém. Todos são iguais, independente de religião e cor – disse o atacante.

Zambi contou que seu pai já foi atuante em movimentos de defesa aos negros do Rio de Janeiro. Segundo o jogador, ele se mostrou mais revoltado, mas aproveitou o episódio para dar força ao filho.

– Meu pai me ligou chateado, mais do que eu. Mas ele e minha mãe são pessoas conscientes. É para levantar a cabeça. Ele falou algo certo, que eles só falam com você quando está incomodando – disse Zambi, cujo nome significa “alguém poderoso” em dialeto africano.
O São Luiz deve ter problemas no segundo turno por causo do racismo de seus torcedores. Os gritos de “macaco” proferidos pela torcida da equipe de Ijuí contra Zambi levarão o clube a julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), na próxima semana, por ofensas racistas.

 

O procurador-geral do TJD, Alberto Franco, confirmou que oferecerá denúncia contra o São Luiz no artigo 243-G. Como o torcedor que praticou o ato não foi identificado, o clube responderá, podendo pegar até 360 dias de suspensão e uma multa de R$ 100 mil. O time enfrenta o Internacional no próximo domingo, às 16h (de Brasília), na decisão da Taça Piratini, que vale como o primeiro turno do Gauchão.

 

 

Fonte: Sportv

+ sobre o tema

Conferência debaterá políticas de igualdade racial

O Ministério dos Direitos Humanos promoverá entre os dias...

Indenização por racismo

Fonte - Gazeta de Ribeirão - O Tribunal de...

Vocês que lutem!

A meta almejada é um Brasil varrido de negros...

CBF define punição por racismo em competições nacionais; clubes poderão perder pontos

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) definiu, nesta terça-feira (15), punições...

para lembrar

Revista americana é acusada de clarear pele de atriz negra em capa de outubro

A foto provocou revolta entre os internautas, que afirmam...

Persistência do racismo no Brasil e as formas de superá-lo

O país cresce, se consolida na esfera internacional, redistribui...

Serena Williams estrela campanha inspiradora da Beats

Por: Guilherme Dearo São Paulo - Um comercial um tanto inspirador...

Como a ascensão de mulheres e negros impulsiona a economia

Estudos realizados por pesquisadores americanos e brasileiros mostram que,...
spot_imgspot_img

Shopping Higienópolis registrou ao menos 5 casos de racismo em 7 anos

O shopping denunciado por uma família após uma abordagem racista contra adolescentes já registrou ao menos outros quatro casos semelhantes nos últimos sete anos. O...

Pretos e pardos têm menos acesso à infraestrutura urbana que brancos

Pessoas pretas e pardas residem menos em endereços com características adequadas de infraestrutura urbana, quando comparadas à população branca. Esse retrato da desigualdade étnico-racial no...

E mulheres trans não são pessoas?

No mesmo dia, os EUA e o Reino Unido —dois países ocidentais que se colocam como bastiões da liberdade, muito embora até ontem metade...
-+=