John Galliano, de 50 anos, foi despedido do posto de diretor criativo do grupo Dior na consequência de dois escândalos – um deles filmado e divulgado pelo jornal britânico The Sun -, em que fez comentários racistas e ofensivos. O estilista, que não compareceu esta quinta-feira à audiência no Tribunal Correcional de Paris temendo ser perseguido pelos média, diz que não se lembra das situações.
Acusado de proferir “insultos públicos com base na origem, a afiliação religiosa, raça ou etnia”, poderia ter sido condenado a uma de pena de até seis meses de prisão e a pagar uma multa de 22.500 euros, mas foi apenas condenado a uma multa suspensa de 4000 euros pelo incidente ocorrido a 24 de fevereiro e a outra de 2000 euros, com suspensão condicional, pelo segundo incidente.
Na audiência de 22 de junho, no mesmo tribunal, Galliano pediu desculpa pelo seu comportamento e atribuiu a causa à sobrecarga de trabalho e ao seu “triplo vício” em álcool, soporíferos e anti-depressivos. O seu advogado garante que está a receber tratamento para as suas dependências.
Um dos processos foi aberto por uma mulher que afirmou ter sido insultada por Galliano a 8 de outubro de 2010 no bar parisiense La Perle. O estilista tê-la-ia chamado de “fucking ugly jewish bitch” (“porca judia”). O outro diz respeito a um episódio que ocorreu no mesmo bar, a 24 de fevereiro, em que ofendeu pessoas sentadas numa mesa próxima da sua depois de afirmar amar Hitler.
Na defesa, o estilista negou que estas fossem as suas reais “convicções” e deu, como exemplo, a sua roupa: “Podem ver que abraço cada raça, credo e sexualidade. Eu esforço-me para transmitir diversidade nas minhas criações.” A procuradora, Anne de Fontette, pediu uma multa mínima de 10 mil euros mas admitiu que Galliano “não é um teórico do racismo antijudaico”, mas reflete o “racismo e o anti-semitismo quotidiano, o dos estacionamentos e dos supermercados, lamentável e espantoso”, escreve a AP.
Segundo escreve Christian Fraser, correspondente da BBC em Paris, o maior castigo foram os danos causados à sua carreira e reputação, fazendo com que os juízes considerem que este homem “precisa de ajuda e não de castigo.” Galliano pagou um euro simbólico a cada uma das suas vítimas e a cinco grupos anti-racismo, bem como os custos legais do processo.
Fonte: RTP