Jovem cria empresa que conserta e doa computadores para estudantes

Ela alerta para o preconceito contra mulheres negras no mercado de trabalho.
Empresa conserta 80 computadores por mês e já doou mais de 30.

Por Marcelo Baccarini Do G1

A economia solidária pode combater o preconceito. Em São Paulo, uma empreendedora criou um projeto que conserta e doa computadores que seriam jogados fora para estudantes negros e de baixa renda.

A iniciativa é de Buh D’Angelo, uma jovem que já sofreu muita discriminação no mercado de trabalho e, esse ano, ganhou destaque em uma premiação na Alemanha.

No Brasil, praticamente 53% da população é negra ou parda e apenas 4,7% dos postos de direção são ocupados por negros nas 500 maiores empresas do país. Em relação às mulheres negras, a situação piora: elas estão apenas em 0,4% dos cargos de direção.

No setor de informática, apenas um quinto dos empreendedores é mulher. Buh é uma pessoa atenta à essa realidade: “É muito complicado estar nesse nicho de mercado, é muito complicado ser uma pessoa negra na sociedade. No mercado é pior ainda. Então, é pegar as dificuldades e colocar como objetivos, igual eu fiz aqui”.

Ela sempre lutou muito, fez vários cursos técnicos de automação, robótica, informática e, em 2015, começou a consertar computadores em casa.  Até que abriu sua própria empresa, em uma sala alugada no Centro de São Paulo. “Aqui é um ambiente seguro pra todo mundo e caso você seja uma pessoa muito diferente, a gente vai tratar você como igual”, afirma com orgulho.

No começo, Buh fazia dez consertos por mês. Hoje, faz 80 e tem fila de espera. Ela também criou um projeto de inclusão digital, onde computadores doados viram novas máquinas e são doados: “A gente recolhe notebooks que o pessoal não usa mais, conserta e doa para estudantes negros e negras e mães que estão na faculdade, porque o êxodo universitário é muito grande”.

Buh já doou mais de 30 computadores para pessoas carentes. O projeto de inclusão digital chamou a atenção no exterior e, por isso, a empresária ganhou o terceiro lugar de um prêmio promovido pelo G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, em Berlim, na Alemanha.  “Eles reconheceram nossa empresa, aplaudiram de pé, a gente foi no G-20, conhecemos Angela Merkel, falei com ela, foi bem legal. Sempre vai ter gente que vai falar que não vai dar certo. E eu falo: o que não vai dar certo? Fui até pra Berlim!”, comemora.

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