Jovem é alvo de racismo em faculdade de Madureira: ‘Pede àquela ali pra baixar o volume do cabelo’

Uma jovem de 18 anos afirma ter sido vítima de um comentário racista quando deixava a faculdade Souza Marques, em Madureira, Zona Norte do Rio, na última quinta-feira. Funcionária da instituição, Larissa Inácio estava acompanhada de uma amiga no banheiro, quando ouviu de uma outra mulher que trabalha no local um recadinho desagradável que teria sido feito originalmente pela diretora da faculdade.

Por Pedro Willmersdorf, do Extra 

— Estava pronta para voltar para casa, quando uma pessoa que nunca vi na vida chegou e me disse: ‘Olha, a diretora mandou avisar pra você baixar um pouco o volume do seu cabelo pra vir trabalhar amanhã’. E começou a rir, assim como outras mulheres que estavam no banheiro — relata Larissa ao Extra.

larissapost

A jovem, há um ano e dois meses contratada pela Souza Marques via projeto Jovem Aprendiz, conta que havia sido remanejada de setor há cinco meses e que jamais tinha enfrentado qualquer incidente preconceituoso no ambiente de trabalho.

Indignada, a mãe de Larissa fez um desabafo em seu perfil no Facebook: “Minha filha é negra, linda!!! Usa um cabelo black super estiloso. É inteligente, educada, extrovertida (…) Liguei imediatamente para a Faculdade para descobrir o nome da referida Diretora. Fui muito bem atendida. Ao contar a história, a pessoa que me atendeu se surpreendeu e pediu que eu aguardasse um contato (…) A própria Diretora me retornou e falou que se tratou apenas de uma BRINCADEIRA. Ok. Então tá. Mas não… Estou cheia dessas ‘brincadeiras'”.

Na sexta-feira, acompanhada da mãe, Larissa registrou o ocorrido na 29ª Delegacia de Polícia Civil (Madureira) e se desligou da faculdade, após uma reunião com a diretora, que assumiu a autoria do comentário, e com a direção de RH da instituição.

— Não havia a menor condição de continuar trabalhando ali, ser vista como a ‘encrenqueira’, a ‘vitimista’ — comenta a jovem, que agora pretende tomar as medidas judiciais cabíveis em relação ao caso.

larissamonica

Larissa, ao lado da mãe, Monica: apoio em momento de tristeza e indignação. Foto: Reprodução

Procurada pelo Extra, a diretora da faculdade não foi encontrada até o momento de publicação desta reportagem.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...