Rapazes foram detidos por desacato e levados para o 91° DP. Conselho Tutelar foi acionado e mostrou vídeos da ação da PM dentro da escola ao delegado. Policiais e direção de escola estadual também foram ouvidos.
No G1

Os dois jovens que foram agredidos por policiais militares dentro da Escola Estadual Emygdio de Barros, no Jardim Bonfiglioli, na Zona Oeste de São Paulo, na noite desta terça (18), prestaram depoimento à Polícia Civil na manhã desta quarta (19).
Após sofrerem as agressões, os rapazes foram detidos e levados ao 91° DP por desacato. O Conselho Tutelar foi acionado e apresentou ao delegado os vídeos divulgados nas redes sociais da ação da PM no interior da escola.
A direção de ensino e os policiais envolvidos no caso também foram ouvidos nesta manhã.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que vai analisar as imagens e adotar as medidas cabíveis. A Secretaria de Educação do Estado também disse, por meio de nota, que “irá apurar o episódio e que colabora com a Polícia para esclarecer o fato”.
Histórico
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram a ação da PM dentro da escola. Nas imagens é possível ver que um policial domina um rapaz com uma gravata.
Em um dos vídeos, um rapaz aparece no chão, dominado por um policial. Em outro, um dos dos rapazes recebe um soco no rosto, é dominado por um policial militar, enquanto outro policial vem por trás e dá uma rasteira do rapaz, que cai no chão. Já caído, ele recebe um chute nas costas. Os policiais ainda apontam a arma para os estudantes.
Em uma terceira gravação, dois rapazes aparecem algemados sendo levados por policiais militares pela escadaria da escola.
O Conselho Tutelar do Rio Pequeno foi comunicado sobre o caso e informou que irá encaminhar na manhã desta quarta-feira (19) denúncia ao Ministério Público e Defensoria Pública do Estado de São Paulo para que tomem as medidas cabíveis necessárias tanto por parte da Polícia Militar quanto da direção da escola, que, segundo relatos de alunos aos conselheiros, permitiu a entrada dos policiais militares na escola.
De acordo com o relato de um dos alunos, o problema teria começado quando um dos alunos, de 17 anos, que aparece sendo agredido pelos PMs, percebeu que seu nome não estaria na lista de matriculados na escola.
Ele foi questionar a ausência de seu nome com a direção da escola, que pediu para que deixasse a instituição. O rapaz teria se negado a sair da escola. A confusão começou com o desentendimento entre aluno e direção, que chamou a PM.
Para o conselheiro tutelar Gledson Deziatto, o caso é considerado grave. “Foi uma situação de abuso de autoridade tanto por parte da escola como da Polícia Militar. Isso não pode acontecer dentro de uma escola. Vamos pedir para o Ministério Público de São Paulo tomar as medidas necessárias neste caso. Os alunos estão com medo de ir para a escola”, defendeu.
A mãe de um dos rapazes questiona a atuação dos PMs e afirma não foi comunicada que seu filho estava sendo detido tampouco que seria levado ao hospital. “Eles estavam ali para servir o serviço de policiais, e não de levar a violência”. “Agora eu me pergunto como mãe: será que dentro da escola é um lugar seguro?”.
Na avaliação do Conselho Tutelar, a ausência de comunicação com os responsáveis é mais um erro dos policiais.
“Pra conduzir o adolescente, o primeiro passo da polícia deveria ter sido o contato com seus responsáveis. Tinha que ter feito o contato com a mãe pra que ela acompanhasse tanto no hospital, como para que ela viesse come ele diretamente na delegacia pra que os fatos fossem apresentados. Ela deveria ter sido acionada”, afirma Valdison Pereira, conselheiro tutelar.
“No nosso entendimento há abuso de autoridade, lesão corporal, e é preciso que esse seja o registro do boletim de ocorrência”, defende o presidente do Condepe, Dimitri Salles.
