Lançado do Rio dossiê sobre intolerância religiosa

As ações da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) no Rio de Janeiro tiveram como consequência os registros de 17 casos em delegaciais de polícia em 2008 e 2009. Segundo o pesquisador Fabio Reis Mota, do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas ligado à Universidade Federal Fluminense (UFF), foi observada a existência de uma relação de proximidade entre vítima e agressor, que podem ser vizinhos, familiares ou colegas de trabalho.

Com o auxílio da sua colega Ana Paula Miranda, também da UFF, ambos pesquisaram inquéritos e processos, cujos agressores além das três classificações citadas pertencem a grupos religiosos denominados neopentecostais. Também ocorrem casos de intolerância religiosa em espaços públicos como escolas, destacou Reis Mota. Para ele, a atuação da CCIR tem sido muito importante para incentivar o registro na polícia, como também melhor caracterizar este tipo de delito, a fim de que possa ser precisamente registrado como intolerância religiosa e não como outro tipo de crime.

No âmbito do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, estão sendo acompanhados atualmente 35 casos relacionados à intolerância religiosa, informou o promotor de Justiça, Marcos Koc, que participa da CCIR. Koc ressaltou que a subrepresentação de registros encontrada pela pesquisa não significa que o número de casos seja pequeno. Lembrou que outros tipos de delito como roubo e furto também sofrem do mesmo problema, pois em muitos casos as vítimas acabam não registrando a ocorrência em delegacia policial.

A mesa de lançamento do dossiê foi coordenada pelo pedagogo Ivanir dos Santos (CEAP-RJ), também coordenador da CCIR e também a compuseram o delegado Henrique Pessoa, chefe do núcleo que na polícia civil fluminense cuida dos casos de intolerância religiosa e o advogado da CCIR, Carlos Nicodemos. Santos destacou o relevante papel desempenhado pela imprensa na divulgação não apenas das atividades da CCIR como também na veiculação de matérias sobre intolerância religiosa.

O evento de lançamento do dossiê aconteceu no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro que prestou o seu apoio através de sua Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira). Durante toda esta quinta-feira (21/01/10) a CCIR realizou diversas atividades na Cinelândia motivadas pelo Dia Nacional contra Intolerância Religiosa instituído há cerca de três anos por lei federal.

(Miro Nunes-Cojira-17h30m).
Coordenação Cojira-Rio: Angélica Basthi, Miro Nunes e Sandra Martins.

Fonte: Lista de Discriminação Racial

+ sobre o tema

para lembrar

Renda baixa e racismo impedem conclusão do ensino básico, diz pesquisa

O racismo estrutural e a necessidade de garantir renda são...

Caminhos para Exu celebra resistência dos povos de terreiro no DF

Mais de uma centena de praticantes e simpatizantes das...

Cineastas negras reivindicam mais ações afirmativas para audiovisual

A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) promoveu nesta...

APAN participa de audiência pública para debater futuro das políticas afirmativas no audiovisual

No próximo dia 3 de setembro, quarta-feira, a Associação...

Desigualdade de renda e taxa de desocupação caem no Brasil, diz relatório

A desigualdade de renda sofreu uma queda no Brasil de 2023 para 2024, segundo o relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades, publicado nesta quarta-feira. O...

Relator da ONU critica Brasil por devolver doméstica escravizada ao patrão

O relator especial da ONU para formas contemporâneas de escravidão Tomoya Obokata afirmou estar "alarmado" com o fato de o Poder Judiciário brasileiro ter...

Quilombo de Itararé: herança de forças e histórias de 26 famílias ecoam em cada canteiro

Na Fazenda Silvério, em Itararé (SP), a terra vermelha não guarda apenas hortaliças e grãos: ali resistem memórias que atravessam séculos. A comunidade é formada...