Lula terá o que mostrar em Genebra

FOTO: ADRIANO MACHADO/LATINCONTENT/GETTY IMAGES

NOSSO GUIA desembarca hoje em Genebra para o aniversário da Organização Internacional do Trabalho com um bolão no pé. Numa época em que demagogos europeus e americanos fazem carreira defendendo a perseguição a imigrantes que trabalham sem a documentação necessária, o Congresso brasileiro concedeu uma anistia aos estrangeiros que vivem ilegalmente em Pindorama. Não se sabe quantos são. Fala-se em algo entre 200 mil e 600 mil pessoas, na maioria latino-americanos, mas também africanos, chineses e coreanos.

Por Elio Gaspari , da Folha de São Paulo

Esses imigrantes vivem precariamente, assediados por achacadores e explorados por empregadores. Habitam numa zona de sombra onde há jornadas de trabalho de 16 horas, exploração sexual e até mesmo recrutamento para quadrilhas de criminosos. Com a anistia, os imigrantes poderão regularizar sua situação. A iniciativa partiu de um deputado da oposição (William Woo, do PSDB de São Paulo, filho de chinês com japonesa) e foi aperfeiçoada no Senado. Em nenhum momento provocou controvérsia.

Durante os últimos 150 anos, o Brasil recebeu levas sucessivas de imigrantes. Foram cerca de 6 milhões de pessoas, quase sempre miseráveis, deliberadamente exportados pelos governos da Europa e do Japão. Vieram até americanos tristes com a derrota do Sul na Guerra da Secessão, encantados com a sobrevivência da escravidão nacional. Hoje essa situação se inverteu e há algo como 2 milhões de brasileiros no exterior, sem que o governo os tenha estimulado a partir. (Na média, a escolaridade dos brasileiros que migram é superior à dos estrangeiros que vieram para cá.) Nações europeias que embarcaram seus famintos hoje cultivam preconceitos e projetos segregacionistas de acesso a saúde e educação. Assim como ocorreu na primeira metade do século passado, a crise econômica provoca desemprego e o desemprego estimula a xenofobia. Deu no que deu.

 

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