Lulu e Tubby: perpetuadores do machismo

Ambos Lulu e Tubby surgem como modo de perpetuação do machismo. E a opressão não se acaba com uma opressão reversa. Por Coletivo Feminista Yabá.

Recentemente, surgiu um aplicativo denominado “Lulu”, no qual as mulheres, numa falsa situação de “vingança”, motivadas pelo histórico de opressão e submissão por elas vivido – em que se inclui, por exemplo, a Ditadura da Beleza – tiveram a oportunidade de atribuir qualidades ou defeitos, bem como dar notas, aos homens, diante de sua imagem exposta no referido aplicativo.

Este gerou polêmica no universo das mulheres e nós sentimos a necessidade de nos posicionarmos, tendo em vista que a objetificação do corpo é um assunto que nos provoca intimamente, já que é comum à realidade feminina a opressão da sua sexualidade, a pressão em relação a padrões de beleza estereotipados, além de uma “conduta moral” imposta como correta às mulheres, numa sociedade machista e patriarcal.

Há aqueles que defendem o Lulu e que argumentam que este se torna uma reparação histórica de toda a opressão sofrida pelas mulheres e que, por meio do aplicativo, elas teoricamente se empoderariam e tornariam, de certo modo, as opressões iguais. A fala em si já ilustra o conceito do aplicativo, defendido por alguns: é uma tentativa de reparação histórica via opressão reversa, e que, muito pior, pode se voltar de uma forma muito pior contra nós, mulheres.

E foi o que, de fato, aconteceu. Pouco tempo depois da criação do aplicativo, foi elaborado um projeto “reverso” e que será lançado em breve: o Tubby, que funciona do mesmo modo que o outro, porém, agora, os alvos são as mulheres. Este vem de forma duplamente violenta, humilhante e extremamente machista. É usado a desculpa de ser uma “revanche” contra as mulheres, que apesar de ter sofrido essa opressão durante toda a história, merecem sofrer um pouco mais.

Nós acreditamos que ambos Lulu e Tubby surgem como modo de perpetuação do machismo e, principalmente, de ilustrar que a opressão NÃO se acaba com uma opressão reversa. Ela deve ser eliminada, em quaisquer sentido, para que não haja subjugação de gênero. Nós, do Coletivo Feminista Yabá, repudiamos tais aplicativos, que perpetuam o machismo, a relação de gêneros como uma relação de opressão e desigualdade, além de reafirmar a heterossexualidade como regra. Uma sociedade será igual e justa quando não houver distinção de tratamento por gênero, e muito menos sua dominação.

* O Coletivo Feminista Yabá é um espaço de auto-organização das mulheres do Curso de Direito da PUC/SP.

Fonte: Carta Maior

+ sobre o tema

Unicamp prorroga período de inscrições do vestibular até 8 de setembro

A Universidade de Campinas (Unicamp) divulgou na tarde desta segunda-feira...

Estudantes do Rio terão aulas de cultura afro-brasileira

Alunos das redes municipais de ensino poderão participar do...

Prouni 2/2025: prazo de entrega de documentos é prorrogado para dia 18

O Ministério da Educação (MEC) prorrogou até a próxima...

para lembrar

Começam hoje as inscrições para o vestibular da Unesp

As inscrições para o vestibular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão...

Unicamp prorroga período de inscrições do vestibular até 8 de setembro

A Universidade de Campinas (Unicamp) divulgou na tarde desta segunda-feira...

Estudantes do Rio terão aulas de cultura afro-brasileira

Alunos das redes municipais de ensino poderão participar do...

Prouni 2/2025: prazo de entrega de documentos é prorrogado para dia 18

O Ministério da Educação (MEC) prorrogou até a próxima...

Integração de conteúdos antirracistas em disciplinas escolares fortalecem o ensino da história e cultura afro-brasileira 

A fim de fortalecer o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira e contribuir com a mudança de um cenário preocupante, professoras da...

Mais de 300 mil crianças voltaram para a escola em 8 anos, diz Unicef

Entre 2017 e 2025, mais de 300 mil crianças e adolescentes brasileiros que estavam fora da escola ou em risco de evasão voltaram ao estudo,...