Marcha das mulheres negras denuncia preconceito no Norte

Evento nacional vai debater racismo em Brasília no dia 18 de novembro

 

Do A Critica

O racismo exclui  48% das meninas negras da escola na região Norte do Brasil. Essa é uma das denúncias que serão levadas pela delegação dos Estados da Amazônia para a  Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver que será realizada em Brasília no dia 18 de novembro.

A informação foi dada ontem pela ativista do Movimento de Mulheres Negras da Floresta Dandara, Francy Júnior.  “Ainda há uma carga de preconceito racial muito grande na comunidade escolar. Apesar de termos uma lei aprovada para se discutir as relações raciais nas escolas, poucas escolas fazem isso”, disse Francy Júnior.

 

Na avaliação dela, o debate sobre o racismo e suas consequências principalmente sobre as mulheres negras é muito frágil nas escolas do Amazonas, assim como na região Norte. Um dos pontos mais visíveis dessa discriminação racial, segundo Francy Júnior, se dá em relação às religiões de matrizes africanas. “As pessoas dizem que não existe racismo em nosso Estado. Existe sim. O que ocorre na comunidade escolar é racismo mesmo”, afirmou.

Com a meta de reunir cerca de  20 mil mulheres de todos os estados e regiões do País. Segundo dados divulgados pelos organizadores da marcha, com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (Ibge),  as mulheres negras representam 25% do total da população brasileira, o que corresponde a cerca de 49 milhões de pessoas. E registram  os piores índices de  acesso às políticas públicas, escolaridade, nível salarial violência doméstica e feminicídio.

No rol de violências perpetradas contra esse segmento da população, a que é  praticada pelo setor público salta aos olhos, segundo Francy Júnior. A esse tipo de agressão diária, a ativista denomina de violência institucional. “È a violência praticada pelas instituições publicas, pelas escolas, hospitais, até no próprio transporte coletivo”, explica Francy Júnior.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras. No que diz respeito ao atendimento pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmam ter realizado menos consultas pré-natal do que mulheres brancas. No que tange a amamentação, as orientações só chegaram a 62% das negras, enquanto 78% das brancas tiveram acesso.

Feminicídio

De acordo com dados do Ipea, 62% das vítimas do feminicídio são mulheres negras. Na região Nordeste esse número é  87%; na Norte é  83% e na  Centro-Oeste é 68%. Dados de 2012 apontam que 63% das mulheres em situação de prisão são negras.

 

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