Março se fecha com várias atividades em todo o Brasil para mulheres

Este ano de 2022 ampliaram o número de agendas que falam do 08 de Março. Muitas destas agendas que tiveram grandes visibilidades são comemorativas, sem reflexões e reivindicações.


De maneira geral o Tema Mulher se tornou palco dentro de muitas plataformas e redes de comunicação social.


Como estamos fechando o verão, nada melhor que apimentar esta última semana falando das divulgações que colocam o dia 08 de março, como um dia de grande comemoração para a mulher.


O mês de Março, em especial o dia 08 é muito importante e significativo para todas as mulheres. Marca a história de conquistas obtidas nas políticas públicas, a defesa da vida, as ações para enfrentamento e combate à violência, o combate ao genocídio, defesa do exercício da cidadania, denuncia as desvantagens das desigualdades sociais, dentre tantas.
É muito difícil entender as contradições existentes em vários seres humanos, principalmente entre os homens. Mas não é difícil de perceber que muitas destas contradições são frutos das concepções morais e ideológicas.


Neste sentido, neste 2022, foco meu olhar nas agendas onde homens ocuparam agendas que as mulheres deveriam ser protagonistas.


Muitas pessoas vão perguntar: Qual o problema de um homem falar para as mulheres?
Eu devolvo a resposta com três perguntas: Por que um homem reivindica falar no mês das mulheres, em agendas construídas com pautas das mulheres?


O mês de março é para promover debates e dar visibilidade as desigualdades existentes entre homens e mulheres. Chamar para reflexão e debate da ocupação de espaços que já são ocupados exclusivamente e majoritariamente por homens.


Porque um homem quer tem toda liberdade de ir e vir quer ocupar também este pequeno espaço?


Neste período de relaxamento das medidas protetivas que existiram na Pandemia, as pessoas começam a sair de casa e dão muita atenção nas agendas de interesse social e aos tutoriais que retratam assuntos específicos.


Para muitos homens, lugares de ambientes que promovam o destaque, visibilidade, reflexões, consciência dos diretos e que interfiram no poder de decisões das pessoas, não podem ser ocupados por mulheres.


Para muitos homens, o lugar da mulher é no lar. Mesmo que a mulher trabalhe fora e cumpra a dupla jornada de trabalho. Existem várias estratégias, poucos percebidas, que induzem, forçam a mulher cumprir com a responsabilidade da criação, formação dos filhos e responsabilidades com as tarefas cotidianas dos lares.


Então porque os homens em sua ampla maioria não organizam as agendas para que o “palanque” seja ocupado somente por mulheres? Deitem e deleitem desta cama macia e esplendida.


Os homens no mês de Março não fazem Marchas, encontros, likes, lifes, podquests com homens e para os homens de toda a sociedade com desígnio de debater qual a melhor estratégia para romper com as múltiplas formas de violências existentes, com o racismo, com as desigualdades econômica e social, com as mortes e extermínios evitáveis!
Não demostram a menor intenção de promover agendas para dar visibilidade para as mulheres que são atuantes em diversas áreas e, nem, tem, a menor pretensão de reformular os espaços políticos, judiciários, das forças armadas, dos comandos nas grandes empresas pública e privada para que, as mulheres ocupem tais espaços no mesmo pé de igualdade.


Esta semana que fecha o mês de Março, antecedendo as eleições foi lançada pelo ministro Edson Fachin do TSE, a Ouvidoria da Mulher.


Conforme informações divulgadas, a Ouvidoria tem como objetivo prevenir e combater casos de assédio, discriminação e a violência política.


O Ministro Fachim afirmou em uma das entrevistas que eu li que, “apesar da luta das mulheres pela ocupação de espaços de decisão estar mais organizada, a participação nas esferas de poder enfrenta resistência institucional”.


Então…………..


As instituições não agem e nem tem pensamentos próprios. Para que uma instituição se movimente é preciso que pessoas se movam.


Os movimentos são realizados por maioria de homens e sempre tem caráter dominador e subjetivo. A maioria utilizam das grandes estruturas privadas e pública para implementar valores machistas, misóginos, racistas, homofóbicos.


O homem que ocupa um espaço institucional e não tem consciência sobre do papel na sociedade e importância da emancipação social, econômica e dos corpos das mulheres, vai colocar a estrutura do Estado para frear e não avançar em qualquer política ou projeto de igualdade. Vai alimentar a sociedade com ás assimetrias dos pejorativos machista, racista e as múltiplas formas de violências. Então é necessário que estas belas agendas institucionais onde os homens tem o poder da fala e deliberações as decisões politica e institucionais sejam sucedidas de ações concretas para todas as mulheres.


Se existem reconhecimento da existência de grupos que são sub-representados ou estão totalmente fora destes espaços, é importante deixar de responsabilizar as estruturas públicas e aparelhos institucionais como se tivessem vontade própria, alheias das mãos dos homens.


** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

+ sobre o tema

O som dos grilhões

nossos sons vêm de muito, vêm de antesde quando...

Luiza Bairros, uma Flor de Lótus!

As mulheres negras latinoamericanas e afrocaribenhas lamentaram, no dia...

Por um feminismo autocrítico e consciente

Precisamos lidar de maneira diferente com as manifestações machistas...

Sobre Capital racial e abordagem policial

Dia 05 de agosto de 2018, aqui estamos mais...

para lembrar

Salário mais alto causa até separação; mulheres devem ter jogo de cintura

Às vezes é necessário para o símbolo feminino do...

A sexualidade das mulheres nas prisões

Sexualidade é assunto quilométrico. Freud tem uma coleção de...

Mulheres se unem para eleger 1ª parlamentar negra no estado de George Floyd

O estado de Minessota, nos Estados Unidos, nunca teve...

Motoristas argentinos terão de fazer curso sobre igualdade de gênero para ter habilitação

A Agência Nacional de Segurança Viária da Argentina (ANSV)...

Tempo para início de tratamento de câncer de mama é 3 vezes maior que o previsto em legislação

O tempo médio para o início do tratamento de câncer de mama no SUS (Sistema Único de Saúde) é quase o triplo do período previsto pela Lei...

Ação da ApexBrasil faz crescer número de empresas lideradas por mulheres nas exportações

Para promover mudança é preciso ação, compromisso e exemplo. Disposta a transformar o cenário brasileiro de negócios, há um ano a ApexBrasil (Agência Brasileira...

‘Não tenho história triste, mas ser mulher negra me define muito’, diz executiva do setor de mineração, sobre os desafios para inclusão na indústria

Diretora de relações governamentais e responsabilidade social da Kinross Brasil Mineração, Ana Cunha afirma que a contratação de mulheres no setor, onde os homens...
-+=